São Paulo, quinta, 28 de janeiro de 1999

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PAINEL DO LEITOR

Alain Touraine
"A entrevista com Alain Touraine publicada ontem pela Folha (pág. 1-6, Brasil) contém palavras ponderadas e sábias, sem estrelismo. Por isso todos deveriam lê-la com atenção, sem revanchismo, e tirar o que há de positivo, e não fazer como a Folha, que extraiu a frase mais negativa para criar seu título, "FHC está em declínio...'.
O Brasil está precisando de união, ajuda, otimismo."
Odilon Stefani (São Paulo, SP)

Tarso Genro e Teotonio Vilela
"A resposta do senador Teotonio Vilela Filho (pág. 1-3, 25/1) a Tarso Genro (pág. 1-3, 24/1) foi desproporcional. Genro não pregou a derrubada do poder, e sim uma solução institucional com a anuência do presidente. Por outro lado, a rapadura ficou muito mais azeda do que o senador pensa e não merece uma defesa tão zangada."
Antônio José Soares Brandão (Fortaleza, CE)

"No momento em que teve a idéia de escrever um artigo defendendo uma idéia golpista, faltou a Tarso Genro, entre outras coisas, um palmo e meio. Em todos os sentidos. Esse tipo de proposta, num momento desses, é como subir num cadáver para parecer um pouquinho mais alto."
Tailor Diniz (Porto Alegre, RS)

Delfim
"O deputado Delfim Netto surpreendeu na votação do desconto da Previdência dos aposentados. Voltou atrás em decisão já tomada várias vezes, sempre justificando que, além de ser injusta, não resolveria o problema.
Agora usou de seu prestígio para convencer os colegas e ironicamente declarou: "É mesmo uma injustiça com os velhinhos, mas afinal eu também sou velhinho e é para o bem do país'. Só deixou de dizer que, ao contrário da maioria dos velhinhos que contribuíram por 35 anos ou mais sobre o total de seus salários e agora precisam de seu rico dinheirinho, ele é um velhinho rico."
Joaquim Francisco Sepulveda (Goiânia, GO)

"O artigo "Pode haver futuro', de Antonio Delfim Netto (pág. 1-2, Opinião, ontem), mostra que o país ainda tem saída, apesar da obscuridade do momento. Enfim, o colunista deixa de atacar o governo e apresenta dados que pelo menos nos acalentam."
Shinhti Miamoto (São Paulo, SP)

Novo cardápio
"A moeda do frango com iogurte vai mudar o seu cardápio para pato com laranja. E nós é que teremos de pagar."
Robson Sant'Anna (São Paulo, SP)

Economistas
"Desde 1973, economistas assumiram uma posição excessivamente poderosa neste país. Após inúmeros pacotes e manobras, continuamos no aparentemente eterno terceiro-mundismo. Economistas erram por não considerar virtudes sociais como confiança mútua entre cidadãos, cultura, capacidade de associação etc.
Na última manobra que falhou, criou-se uma moeda com valor irreal. Só que se esqueceu que para mantê-la era preciso aumentar continuamente a competitividade do brasileiro. Uma correta política fiscal era até secundária. Se não podemos competir, não podemos nos globalizar.
E, para criar competitividade, não basta aprimorar o indivíduo dispondo de mais educação, saúde etc. É preciso estimular suas virtudes sociais.
Será que no próximo milênio ainda dependeremos tanto de economistas?"
Rodolfo Vertamatti (São Bernardo do Campo, SP)

Efeito contrário
"O real rolando precipício abaixo, o dólar arranhando os céus, Bolsas caindo, fuga de investidores, perda de capitais, empresas fechando, indústrias demitindo, desemprego recorde, enfim tudo aquilo que nos diziam que iria acontecer se Lula fosse eleito!
Será que não divulgaram direito o resultado das eleições?"
Silvio Renato Siqueira (Campinas, SP)


Crise com exceções
"Lendo as colunas sociais dos grandes jornais, fica comprovado que a crise econômica atinge particularmente os trabalhadores e as classes médias. Podem falar em crise aqueles que gastam, apenas numa noite, cerca de US$ 3 milhões -como foi o caso da festa de casamento que uniu as famílias Safra e Szajman?
O governo FHC e o Congresso, elegendo os funcionários públicos como os vilões da crise brasileira, revelam cada vez mais seus compromissos com os proprietários rurais e os banqueiros, ao deixar de taxar as grandes fortunas e abdicar de cobrar o ITR."
Caio Navarro de Toledo, professor de ciência política da Unicamp (São Paulo, SP)

Administração pública
"A sra. Cláudia Costin, secretária de Estado da Administração e do Patrimônio, em artigo publicado na pág. 1-3 (Opinião) de 26/1, afirma que a administração pública avançou bastante nos últimos quatro anos. O referido artigo é um verdadeiro atentado contra o servidor público e a população usuária desses serviços, que em tese deveriam ser prestados pelo Estado.
Os "avanços' a que se refere a sra. Cláudia Costin não passaram de verdadeiros ataques a uma série de direitos da categoria, conquistados a duras penas e eliminados com a farsa da "reforma administrativa'.
A visão gerencial de Estado justifica a inércia do governo com questões sociais graves, como é o caso do retorno de epidemias erradicadas no início do século, para ficar em apenas um exemplo do imenso descaso com os serviços públicos, os servidores e a população. E que o artigo da sra. Costin omite, ou prefere não dizer."
Ismael José Cesar, diretor da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Brasília, DF)

Bill Clinton
"Os congressistas ianques, na sua inveja odiosa do imenso sucesso político do presidente Clinton, esqueceram o 12º artigo da Declaração Universal dos Direitos do Homem que reza expressamente: "Ninguém será objeto de ingerências arbitrárias em sua vida privada, sua família, seu domicílio ou sua correspondência nem de atentados à sua honra e sua reputação. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais ingerências ou tais atentados'.
Assim sendo, por que obrigar o primeiro mandatário do país a tornar pública a sua vida privada?"
Remy de Souza (Salvador, BA)

Vestibulares difíceis
"Como professor na área de língua portuguesa, proponho um debate sobre os vestibulares de 1999. Tomo como base o vestibular da USP, mas o debate, se aceito, deve abranger todas as universidades, particulares e oficiais.
O motivo da proposta é o alto grau de dificuldade, marca de todas as provas de português. Creio que as demais áreas apresentaram o mesmo problema. As despesas com os exames, que envolvem várias faculdades, são de grande monta e oneram os alunos. No entanto, com as provas difíceis, sendo exigido muito mais do que as escolas públicas, as particulares e todos os cursinhos ensinam, a quem aproveita essa complexidade?
A USP arrecada com a inscrição e o manual do candidato mais de R$ 6 milhões. Não seria melhor aplicar parte dessa verba na melhoria do ensino em vez de jogar tudo no vestibular, truncando carreiras promissoras?"
Paulo de Oliveira Filho (São Paulo, SP)



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