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EXÉRCITO NO RIO
A decisão anunciada pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, de ceder tropas do Exército para reforçar o patrulhamento
das ruas do Rio de Janeiro durante o
Carnaval, parece justificável dentro
das atuais circunstâncias. A violência
nas ruas da capital fluminense está
diminuindo pouco a pouco, em virtude da ação da polícia, mas ainda
ontem alguns ônibus foram incendiados no Grande Rio.
A intervenção do Exército, solicitada pela governadora Rosinha Matheus, já teve início. Soldados entraram no Complexo Penitenciário de
Bangu para colaborar em uma grande operação de revista, na qual foram
apreendidos mais de uma centena de
celulares, munições e um computador portátil. Os soldados usaram
equipamentos caça-minas para localizar armas enterradas pelos presos.
Segundo o ministro da Justiça, trata-se de "uma colaboração emergencial", necessária para restaurar a
tranquilidade da população após os
ataques empreendidos pelos narcotraficantes. No ano passado, um esquema similar levou 3.000 militares
para as ruas da capital fluminense
durante o primeiro e o segundo turno das eleições, com êxito.
É importante, porém, que a intervenção não se prolongue. O risco
maior é expor as Forças Armadas à
mesma infiltração por agentes do
crime organizado que conspurcou as
polícias. No mais, soldados do Exército não recebem treinamento adequado para lidar nem com criminosos nem com civis. Como era previsível, a última tentativa de colocar as
Forças Armadas no policiamento do
Rio, em 1994 e 1995, não teve sucesso
em combater o tráfico, servindo apenas para proporcionar uma efêmera
tranquilidade à população local.
Não é o Exército que deve combater
o crime, mas a polícia. Se esta não está capacitada a cumprir sua missão,
cabe aos governos federal e estadual
disponibilizar os recursos humanos
e materiais para tanto. Sobretudo é
preciso que não se utilize um eventual sucesso da intervenção militar
para adiar a tarefa fundamental, que
é reestruturar o aparelho policial.
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