|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FERNANDO RODRIGUES
A sofisticação que falta
BRASÍLIA - A General Motors anunciou para este ano ganhos 26% menores por conta da necessidade de fazer um aporte de capital no fundo de
pensão de seus funcionários. A alemã
Siemens tem um déficit de US$ 4,8 bilhões no seu plano de aposentadoria
de benefício definido.
Há hoje 44 milhões de norte-americanos em 32,5 mil fundos de pensão
com sistema de benefício definido.
Déficit total: US$ 300 bilhões.
As informações são da "The Economist". É notória a incapacidade de
governos e de empresas privadas de
sustentar planos de aposentadoria
com benefício definido.
Trata-se do sistema em que o funcionário e o patrão pagam um determinado valor mensal. No início das
contribuições, já fica acertado qual
será o valor da aposentadoria.
É fácil perceber a dificuldade. Basta
entrar em uma agência do Bradesco
ou do Itaú e perguntar quanto custa
para receber vitaliciamente R$ 5.000
por mês daqui a 35 anos.
O que se percebe nos países desenvolvidos é que o único sistema minimamente seguro para aposentadoria
é o de contribuição definida: patrão e
empregado fazem um depósito mensal para possibilitar algum tipo de benefício no futuro.
Qual o valor do benefício? Dependerá do tamanho das contribuições e
da gestão dos recursos -compartilhada por patrões e empregados.
Esse tipo de debate está a anos-luz
da reforma da Previdência proposta
pelo governo Lula. A idéia é que os
quase 6.000 municípios e as 27 unidades da federação decidam sozinhos, por lei ordinária, se terão esquemas de benefício ou contribuição
definida.
Ainda que a emenda constitucional
estabeleça que os planos terão de
obedecer a princípios atuariais rígidos, é evidente que isso não vai acontecer. Para concluir, falta uma certa
sofisticação ao governo Lula. Azar
dos próximos presidentes, que terão
de fazer novas reformas.
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: Fala sério, PT Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: A tradição dos fantasmas Índice
|