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Editoriais
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Na lanterna
FALA POR si própria a taxa de
reprovação de bacharéis em
direito paulistas no exame
unificado da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB): 88%. São
Paulo ficou na lanterna, ao lado
de Mato Grosso e Amapá. Só em
cinco Estados -Sergipe à frente,
com 33%- aprovou-se mais de
um em cada quatro candidatos.
Causa espécie, de todo modo, o
mau desempenho de São Paulo.
No primeiro ano de adesão da
OAB-SP ao exame nacional, frustra-se a expectativa de uma melhora. Quando a seleção no Estado era organizada pela seccional,
a última taxa tabulada, a de 2007,
registrou 68% de fracassos.
Para a OAB-SP, isso está relacionado com a "mercantilização"
do ensino de direito -eufemismo para a péssima qualidade das
escolas. Nada haveria de errado
com a proliferação das faculdades se a grande maioria formasse
profissionais aptos. O problema
não está em obter lucro, mas em
ludibriar estudantes, sob o olhar
complacente dos responsáveis
pela regulação do setor.
Só recentemente o MEC pôs-se a agir contra as más escolas.
Em 2008, totalizou 16 mil vagas
interditadas em cursos que obtiveram notas baixas no Enade,
exame oriundo do antigo provão.
Sozinho, o Estado de São Paulo
responde por mais de 14 mil das
vagas fechadas.
A ampliação da clientela das
faculdades possibilita desenvolvimento pessoal e profissional a
toda uma geração de brasileiros
cujos pais não tiveram a mesma
oportunidade. Que esses jovens
passem mais quatro ou cinco
anos na escola já é algo louvável.
Mas a obrigação das autoridades
é garantir um mínimo de qualidade no ensino.
No caso dos cursos de direito,
vale lembrar, a existência do exame da Ordem impede profissionais desqualificados de exercer a
profissão. Ainda há categorias
tão ou mais relevantes, como os
médicos, que resistem à implantação de exames certificadores.
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