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EDUCAÇÃO OCULTA
Basta viver no Brasil para saber que o ensino fundamental e
médio público é terrivelmente deficiente. Mas quem olhar para os dados do Saresp (Sistema de Avaliação
do Rendimento Escolar do Estado de
São Paulo) divulgados pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) poderá
julgar que está no Primeiro Mundo.
Para a administração, que está em
ritmo pré-eleitoral, 75% das crianças
na 1ª série do ensino fundamental já
estão alfabetizadas. Na 2ª série, essa
taxa chega a 90%, com 75% capazes
de produzir um texto coerente. Na 2ª
série do ensino médio, 88% dos alunos acertaram mais de 50% da prova
objetiva, e 76% obtiveram média superior a 5 na redação.
Ou bem a rede estadual de educação é um oásis no deserto pedagógico brasileiro ou há algo de errado
com o Saresp. E cabe lembrar que a
avaliação realizada pelo Ministério
da Educação com alunos paulistas de
modo algum corrobora o róseo diagnóstico das autoridades do Estado.
Por ora, não se contestam os resultados do Saresp, que foi apurado pela
reputada Fundação Carlos Chagas,
mas a divulgação parcial desses dados, que é de responsabilidade da Secretaria da Educação paulista.
Por razões obscuras, o secretário
Gabriel Chalita não quis disponibilizar os resultados globais do Saresp,
que já foram tabulados. Ele afirma
que é preciso evitar que se façam rankings por alunos, escolas e cidades,
o que não seria "edificante do ponto
de vista educacional". Exceto pelos
alunos, o raciocínio parece falho.
O contribuinte paulista tem todo o
direito de saber o desempenho da escola em que seu filho estuda ou da cidade em que vive. Muitos especialistas até afirmam que um pouco de
concorrência entre os estabelecimentos poderia levar a um círculo
virtuoso de busca pela qualidade.
O que é condenável são divulgações parciais, que só permitem ver o
que interessa às autoridades e escondem a realidade -infelizmente muito bem conhecida. Ademais, de que
vale gastar R$ 10 milhões para fazer
um levantamento que nem mesmo
revela problemas para resolver?
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