São Paulo, quarta-feira, 28 de junho de 2006

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Evolução das drogas

CINCO DE cada cem habitantes do planeta entre 15 e 64 anos fazem uso anual de substâncias ilícitas, segundo o mais recente relatório do UNODC (Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime). O número de usuários está mais ou menos estabilizado em torno de 200 milhões. Destes, 110 milhões (2,7% da população) utilizam drogas ilegais com uma freqüência mensal, e 25 milhões (0,6%) podem ser considerados narcodependentes.
A boa notícia é que a chamada epidemia de abuso de entorpecentes está relativamente contida, sobretudo se cotejada com a de drogas legais. A título de comparação, o tabaco é consumido regularmente por 28% da população entre 15 e 64 anos.
O UNODC é uma agência de tendência bastante conservadora, que ainda aposta na repressão ao consumo como principal ferramenta do combate ao abuso de entorpecentes. Essa posição, porém, vem sendo cada vez mais contestada por especialistas.
Uma das alternativas propostas seriam as políticas de "redução de danos", que consideram o usuário como caso de saúde pública. Exemplos dessa abordagem incluem o incentivo à substituição de drogas pesadas por outras mais leves e o fornecimento de seringas descartáveis a viciados em substâncias injetáveis como forma de evitar doenças como Aids, hepatites etc.
Já propostas mais radicais, como a legalização, não estão na agenda do combate às drogas. Se por hipótese esse passo fosse tomado agora, contribuiria para o aumento dos usuários de drogas, acarretando um gravíssimo problema de saúde pública.
De todo modo, a experiência mundial caminha para desenvolver formas complementares de controle das drogas, que não se restringem a reprimir o tráfico e que vão abrindo mão de tratar o usuário como delinqüente.


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