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O risco é não apurar
NUM MOMENTO em que o
Legislativo em geral e o
Senado em particular se
vêem envoltos em graves suspeitas, parlamentares não têm o direito de tergiversar. Precisam
apurar tudo o que remotamente
se pareça com uma infração ética. O que está em jogo é a própria
imagem do Congresso Nacional,
peça central para o funcionamento da democracia.
Nesse contexto, é fundamental
que o senador Joaquim Roriz
(PMDB-DF) seja levado ao Conselho de Ética para explicar as
dúvidas sobre seu envolvimento
em uma partilha de dinheiro de
origem ignorada. Roriz foi flagrado em escutas policiais autorizadas pela Justiça negociando
a divisão de R$ 2,2 milhões com o
ex-presidente do BRB (Banco de
Brasília) Tarcísio Franklin de
Moura -suspeito de ter desviado R$ 50 milhões do banco.
É possível que as explicações
adiantadas por Roriz -o montante seria um empréstimo tomado ao empresário Constantino de Oliveira (presidente da Gol
e concessionário de ônibus urbanos em Brasília) para honrar a
compra de um embrião bovino-
sejam reais. A história, contudo,
apresenta lacunas e enseja questionamentos, e o próprio senador deveria reclamar a tribuna
do Conselho para explicar-se.
É absurda a tese que circula em
Brasília de que o caso Renan Calheiros -e, por analogia, o de Roriz- deveria migrar do Conselho
de Ética para o Supremo Tribunal Federal. É até possível que a
mais alta corte do país venha a
julgar esses cidadãos, se as suspeitas se confirmarem e derem
causa a ações penais. Só que a
possibilidade de a matéria chegar ao Supremo não isenta os senadores de firmarem o juízo ético e político sobre seus pares.
Se o Senado deixar de manifestar-se sobre Renan e Roriz à luz
de apurações sérias, estará se
furtando a suas responsabilidades e desferindo um golpe contra
a instituição do Legislativo.
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