São Paulo, quinta-feira, 28 de junho de 2007

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O risco é não apurar

NUM MOMENTO em que o Legislativo em geral e o Senado em particular se vêem envoltos em graves suspeitas, parlamentares não têm o direito de tergiversar. Precisam apurar tudo o que remotamente se pareça com uma infração ética. O que está em jogo é a própria imagem do Congresso Nacional, peça central para o funcionamento da democracia.
Nesse contexto, é fundamental que o senador Joaquim Roriz (PMDB-DF) seja levado ao Conselho de Ética para explicar as dúvidas sobre seu envolvimento em uma partilha de dinheiro de origem ignorada. Roriz foi flagrado em escutas policiais autorizadas pela Justiça negociando a divisão de R$ 2,2 milhões com o ex-presidente do BRB (Banco de Brasília) Tarcísio Franklin de Moura -suspeito de ter desviado R$ 50 milhões do banco.
É possível que as explicações adiantadas por Roriz -o montante seria um empréstimo tomado ao empresário Constantino de Oliveira (presidente da Gol e concessionário de ônibus urbanos em Brasília) para honrar a compra de um embrião bovino- sejam reais. A história, contudo, apresenta lacunas e enseja questionamentos, e o próprio senador deveria reclamar a tribuna do Conselho para explicar-se.
É absurda a tese que circula em Brasília de que o caso Renan Calheiros -e, por analogia, o de Roriz- deveria migrar do Conselho de Ética para o Supremo Tribunal Federal. É até possível que a mais alta corte do país venha a julgar esses cidadãos, se as suspeitas se confirmarem e derem causa a ações penais. Só que a possibilidade de a matéria chegar ao Supremo não isenta os senadores de firmarem o juízo ético e político sobre seus pares.
Se o Senado deixar de manifestar-se sobre Renan e Roriz à luz de apurações sérias, estará se furtando a suas responsabilidades e desferindo um golpe contra a instituição do Legislativo.


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