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COMPLETAR O AJUSTE
As transações correntes
-resultado da diferença entre
exportações e importações de mercadorias e serviços- registraram o primeiro saldo positivo acumulado em
12 meses desde outubro de 1994. O
superávit foi de apenas US$ 1,3 bilhão -0,28% do Produto Interno
Bruto-, mas representa clara melhora das contas externas do país.
A ampliação desse resultado deve
ser perseguida com afinco. Para tanto, é indispensável preservar condições, inclusive cambiais, favoráveis à
obtenção de elevados saldos comerciais. Além disso, o maior acesso do
setor privado ao mercado internacional deveria favorecer a recomposição
das reservas líquidas do Banco Central, que exclui os recursos do FMI.
Elas estão em US$ 14,6 bilhões, patamar equivalente ao da crise cambial
de 2002. A recomposição das reservas daria ao BC maior raio de manobra para administrar eventuais restrições de crédito externo. Projeções do
próprio banco indicam amortização
de US$ 39,7 bilhões em empréstimos de longo e curto prazo em 2004.
Esse dados demonstram que o
ajuste externo avançou, mas não o
suficiente. Se o saldo em transações
correntes não se ampliar, o país ficará dependente do financiamento volátil de curto prazo. O investimento
estrangeiro direto, que estava auxiliando o financiamento das contas
externas, caiu consideravelmente,
acompanhando a desaceleração das
economias brasileira e mundial.
A experiência dos países asiáticos
mostra que a busca de saldos comerciais expressivos não apenas estimula o avanço tecnológico como permite adotar taxas de juros mais baixas,
favorecendo a expansão de crédito,
produção e emprego. As reservas
-obtidas por saldos comerciais,
não por dívidas- atendem à demanda por moeda estrangeira e asseguram maior estabilidade do câmbio.
O abuso no endividamento externo, com câmbio valorizado e baixas
reservas, parece indicar o caminho
mais curto para uma crise externa. O
país não deve negligenciar a necessidade de reduzir a vulnerabilidade das
contas externas, que ainda persiste.
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