São Paulo, quarta-feira, 28 de agosto de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Cérebro
"Parabenizo a Folha pelo segundo número do caderno Sinapse, que tem tudo para virar um hábito em minha grade de leitura. Fiquei impressionado com a reportagem de capa "Cérebro exposto". De muita importância para os leitores, a reportagem expõe de uma forma objetiva os pensamentos e os conhecimentos de médicos, professores e pesquisadores. Os leigos têm a chance de se aprofundar nesse assunto por meio dos livros citados na própria reportagem. A colocação das dificuldades de compreender o funcionamento do cérebro através dos tempos cria uma curiosidade e faz com que nós, leitores, procuremos nos informar e buscar respostas. Mas o importante é sabermos que existem publicações sobre o assunto."
Leonardo de Alcântara (São Paulo, SP)

"Desculpe-me o editor, mas, como profissional da área de psicologia e dedicada ao estudo da neurofisiologia, não posso deixar de manifestar minha indignação em relação a uma lista de dicas de leitura tão mal formulada. O repórter que a fez deve ter copiado títulos disponíveis em livrarias sem ao menos ter o cuidado de saber a qualidade e a seriedade do material sugerido. É triste ver livros como o de Luria (um dos maiores cientistas que já existiram na área de neurociências) ao lado de livrinhos do tipo "auto-ajuda", que dão dicas para "aumentar os poderes do cérebro". Acho que textos que dizem respeito a áreas sérias e complexas de pesquisa merecem, no mínimo, respaldo técnico de quem as faz e bom senso para separar o joio do trigo. A popularização irresponsável de alguns temas complexos não beneficia ninguém, só serve para confundir e gerar idéias fantasiosas ou supersticiosas sobre o assunto."
Cristina Castro (São Paulo, SP)

PT
"O "Painel" (Brasil, pág. A4) de quinta-feira 22/8, sob o título "Puxão de orelha", insinuou que Lula revelara não conhecer a estrutura do governo ao propor a criação de uma Secretaria Especial da Mulher, pois essa secretaria já existe. O que Lula propôs, na verdade, foi uma Secretaria Especial da Mulher diretamente subordinada a ele na Presidência da República. Hoje existe uma Secretaria de Estado dos Direitos da Mulher, de status inferior, subordinada não ao presidente, e sim ao ministro da Justiça. Esse equívoco do "Painel", que se somou a uma certa exploração da fala de Lula pela atual secretária da Secretaria de Estado dos Direitos da Mulher, poderia ter sido evitado se tivéssemos sido consultados. Na mesma edição, sob um título ofensivo, Nelson de Sá (coluna "No Ar') apresenta, sem provar, a tese de que "Lula malufou". A leitura cuidadosa de seus quatro argumentos mostra que, se houve alguma aproximação entre os dois políticos, foi de Maluf em direção a Lula, nunca de Lula em direção a Maluf. No máximo, poderia perguntar "Maluf lulou?", o que seria um título menos incorreto. Na página A3, para nosso espanto, habituados ao elevado nível da seção "Tendências/Debates", deparamos com um artigo mentiroso e insultuoso de Denis Rosenfield, que acusa o PT de "movimento totalitário". No dia 17/8, na página A4, a Folha noticiou: "Itamar apóia Lula em 17 minutos". O que esse tipo de título quer dizer? Que o apoio foi pequeno, de "apenas" 17 minutos? Esse tempo foi o da duração do cafezinho que Itamar e Lula tomaram no famoso Café Nice -símbolo da atividade política em Belo Horizonte e frequentado por JK- justamente para marcar publicamente o apoio. Antes, os dois tiveram um encontro de uma hora na residência de José Alencar com a participação de Marta Suplicy e de Alexandre Dupeyrat. Esse encontro foi relatado na ocasião aos jornalistas pelo coordenador de comunicação da campanha, Ricardo Kotscho. No dia seguinte, a Folha publicou com grande destaque que "Lula abandona orçamento participativo". Mas a própria reportagem traz o trecho do Programa de Governo que defende a extensão dessa proposta ao âmbito da administração central, mesmo considerando (o que o repórter não fez) a grande diferença entre esferas municipais (típicas de aplicação de um orçamento participativo) e esferas estaduais e federais. Para criticar-nos, bastam os erros que eventualmente cometemos, não é preciso inventar outros."
Carlos Tibúrcio, chefe de redação da campanha Lula Presidente (São Paulo, SP)

Bolsa
"Não é correta a informação publicada no "Painel" de 25/8 (na nota "Bóia de salvação') na qual o presidente da Bovespa, Raymundo Magliano Filho, é apontado como "um dos organizadores de um manifesto pró-Lula", que teria sido elaborado por setores da Fiesp, da Febraban e da Bovespa. A Bolsa é apartidária, e seu presidente não se envolveu na elaboração do referido manifesto nem tem conhecimento de sua eventual existência, o que não o impede, contudo, de participar do debate nacional com qualquer um dos presidenciáveis."
Izalco Sardenberg, assessoria da presidência da Bovespa (São Paulo, SP)

Senado
"A Folha não tem o direito de induzir seus leitores a acreditar que existam apenas três nomes na disputa pelo Senado em São Paulo. Ao excluir arbitrariamente do debate outros candidatos, inclusive eu, o jornal tomou uma atitude que só pode ser chamada de covarde, pois abriu espaço para ataques ao PSDB e a seus representantes sem nos dar direito de resposta. O que se viu foi o antidebate e a troca de afagos entre ex-adversários, hoje unidos no discurso vazio e no diagnóstico fácil. O argumento da ordem nas pesquisas é mera desculpa para discriminar os candidatos. Por que então não fazer o debate com os partidos que têm representação no Congresso? Por que não permitir que o debate democrático altere as pesquisas? Quanto aos ataques, gostaria de esclarecer, em respeito aos leitores da Folha, que o PSDB tem realizações da maior importância na área da saúde. Em São Paulo, são mais 6.000 leitos e distribuição gratuita de remédios para todos os municípios. No Brasil, ressalto o programa de saúde familiar, a produção dos genéricos e a quebra de patentes. Quanto à segurança, todos reconhecemos a gravidade do problema, mas é preciso ressaltar os investimentos sem paralelo na história de São Paulo que fizemos em equipamentos para a polícia e em penitenciárias. Segurança exige um trabalho tenaz, sério e avesso à demagogia. Lamentavelmente, a Folha fugiu ao seu papel de assegurar democraticamente ao público informações que ajudarão o voto consciente."
José Aníbal, presidente nacional do PSDB, deputado federal e candidato ao Senado

Nota da Redação - Em 6º lugar no último Datafolha, com 5% da intenções de voto, o deputado José Aníbal (PSDB-SP) foi convidado pelo jornal a participar de um debate com os candidatos Adhemar de Barros (PGT) e Cunha Bueno (PPB). Recusou o convite. A Folha cancelou o evento.



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