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Os empregos do futuro e a
profissionalização
ANTONIO ERMÍRIO DE MORAES
A taxa de desemprego na região da
Grande São Paulo voltou a subir. O
Brasil não consegue gerar empregos
de boa qualidade.
Vejam o caso da construção civil.
Apenas 30% dos trabalhadores fazem
parte do mercado formal. Cerca de
70% estão no mercado informal. São
pessoas que trabalham por conta própria ou sem registro em carteira de
trabalho. É verdade que bons empregos dependem de bons investimentos.
Mas é verdade também que um bom
desempenho profissional depende de
boa educação.
Na construção civil há muito mais
mão-de-obra não-qualificada entre os
70% do que entre os 30%. São cerca de
5 milhões de trabalhadores que poderiam melhorar e até adquirir uma
profissão por meio de treinamentos
rápidos em carpintaria, eletricidade,
hidráulica etc.
O Sesi e o Senai já desenvolvem
ações nesse campo. Por que não intensificar a articulação dos seus recursos com os recursos do governo e demais segmentos da sociedade para fazer mais do que vêm fazendo?
O governo federal, acertadamente,
está dando especial atenção ao ensino
do primeiro grau. Não há o que criticar. Mas por que não reforçar a parte
do ensino profissionalizante junto a
segmentos específicos da população,
em especial os adultos?
O Brasil gasta cerca de 4% do PIB
em educação -o que não é pouco-,
mas o rendimento é baixo, sobretudo
por força de uma desagregação de esforços que sempre dominou o cenário
educacional brasileiro.
Mais de dois terços das escolas públicas de primeiro grau estão na zona
rural enquanto a maioria do alunado
está na zona urbana. Cerca de 20% das
escolas urbanas atendem quase 80%
dos alunos.
Há salas vazias no campo e superlotadas nas cidades. Por que não usar
essa ociosidade para implantar programas de treinamento de rápida duração, não exclusivamente para profissões agrícolas, mas também para as
profissões das cidades que, afinal, serão o destino de muitos que hoje moram no campo?
A baixa remuneração força uma boa
parte dos mestres a fazer jornada dupla no primeiro grau. Por iniciativa do
MEC, os salários dos professores vão
aumentar. Será que isso não poderia
ser ainda mais alavancado se o governo envolvesse outros setores sociais
que precisam de mão-de-obra de boa
qualidade?
O governo federal está distribuindo
um número recorde de livros didáticos -110 milhões!- e aumentando
os recursos da merenda escolar em
50%. A TV Escola visa aperfeiçoar o
corpo docente. Isso é crucial. Mas por
que não acoplar isso com programas
de treinamento profissional em grande escala que criem ambientes de estudo que propiciem oportunidades de
aperfeiçoamento pedagógico?
O acirramento da competição internacional está exigindo pessoas muito
bem educadas. A busca da boa educação deve ser perseguida, em especial,
pelos mais jovens. Penso, porém, que,
para os mais velhos, o treinamento
profissional é crucial para os seus empregos e para a própria nação.
Antonio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.
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