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HORA DA REFORMA
Segundo o secretário-geral da
Presidência da República, Luiz
Dulci, o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva estará se concentrando proximamente na reforma de seu ministério. O principal objetivo, como se
sabe, é acomodar representantes do
PMDB no primeiro escalão. Faria
bem o presidente, no entanto, se
aproveitasse a ocasião para promover mudanças mais amplas.
Antes de tudo, seria recomendável
cortar o número de ministérios. As
secretarias criadas pela atual administração poderiam ser drasticamente reduzidas ou abolidas, com suas
funções transferidas para outros ministérios. De fato, em que pese a importância dos temas, é de perguntar
se é preciso tratar como ministérios
órgãos como a Secretaria Especial do
Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, Secretaria Especial
de Aquicultura e Pesca, Secretaria Especial de Políticas de Promoção da
Igualdade Racial e Secretaria Especial de Políticas para Mulheres. Mesmo a manutenção do Ministério Extraordinário de Segurança Alimentar
e Combate à Fome ao lado do Ministério da Assistência e Promoção Social parece bastante questionável.
Essa profusão de pastas tem servido mais para onerar e dificultar a
operação governamental do que para
facilitá-la. Contribui também para a
sensação de pouco progresso nos
ministérios o desempenho de áreas
fundamentais, como Educação e
Saúde, até aqui em clara desvantagem em relação à gestão anterior.
Também seria saudável se a reforma contemplasse questões éticas.
Nesse sentido, é bastante delicada a
manutenção do atual ministro dos
Transportes, Anderson Adauto, que,
quando presidente da Assembléia
Legislativa de Minas Gerais, participou de um festim que lhe teria rendido, em dois anos, a título de vencimentos, R$ 2,62 milhões. Além disso, os recentes episódios envolvendo
os ministros Agnelo Queiroz (Esportes) e Benedita da Silva (Assistência e
Promoção Social) merecem reflexão.
Por fim, a escolha dos representantes do PMDB, partido gelatinoso,
com um exército de políticos disponível para manobras fisiológicas, deveria ser objeto de muita ponderação. O país já perdeu tempo precioso
com a inoperância de alguns ministros para correr o risco de uma nova
rodada de apostas duvidosas.
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