|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELIANE CANTANHÊDE
Só fantasia?
BRASÍLIA - O governo não anda
num bom momento. Beneditas, Agnelos, Luízes Eduardos, Dudas. Todo
dia uma chapuletada. E a última é de
deixar qualquer um zonzo.
Trata-se da reportagem de Policarpo Júnior na revista "Veja", mostrando um lado realista -e mesmo assim
surpreendente- do PT na campanha presidencial do ano passado.
Uns caras petistas não muito famosos, mas bem atuantes, faziam operações heterodoxas para minar os adversários, especialmente Ciro Gomes,
considerado perigoso num eventual
segundo turno contra Lula.
Segundo o texto, valia tudo. Plantações, alianças com ACM (cujos métodos os petistas sempre criticaram),
negociações esdrúxulas com procuradores da República, que tinham de
ser neutros por dever de ofício.
Em muitos aspectos, as histórias
são vagas, sujeitas a confirmação.
Mas, como têm ares de veracidade,
Paulo Pereira da Silva faz bem em
dar um tempo nas relações com o governo do PT. Ele era o vice na chapa
de Ciro e atribuía aos tucanos as denúncias que pipocavam a toda hora.
E que, agora, têm a marca PT.
Quanto ao próprio Ciro Gomes, parece mais confortável recorrer ao de
sempre: ou a imprensa é leviana, ou
mentiu, ou está a serviço de alguém.
Desde que ele deixe o dito pelo não
dito e continue ministro. Síndrome
de Estocolmo: o sequestrado que acaba aderindo ao sequestrador.
No mais, espantosa a atuação do
procurador Luiz Francisco de Souza,
tantas vezes considerado ícone da decência. Com ACM: ele se despiu de
compromissos e pruridos para gravar
e depois divulgar revelações do senador a procuradores. Com o PT: ele
nem ouviu o conteúdo, mas mexeu
seus pauzinhos para afastar fitas esquisitas de Santo André do caminho
de Lula. Dois pesos, duas medidas.
Toda a história precisa ser escarafunchada, mas Luiz Francisco, como
procurador, mergulhou tão apaixonadamente num lado contra o outro
que mandou "às favas os escrúpulos
de consciência". Tal e qual um signatário do AI-5 às avessas.
Texto Anterior: São Paulo - Marcio Aith: Covardia Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Eles merecem Índice
|