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Pacote argentino
A DECISÃO da presidente
Cristina Kirchner de estatizar a previdência argentina ampliou as dúvidas sobre a
solvência do país. O projeto que
estatiza fundos de US$ 30 bilhões, diz o governo, foi concebido para proteger a pensão dos
trabalhadores que optaram pela
modalidade privada. Há a suspeita, no entanto, de que se trata
de estratagema para pagar a dívida externa, diante da falta de financiamento estrangeiro e da
queda no valor das commodities.
Está em curso uma progressiva
degradação na economia. A cotação do principal produto de exportação, a soja, caiu mais de
40% em três meses. O trigo, outro importante item, teve queda
superior a 50%. Com o mergulho
das commodities, o Tesouro argentino já deixou de arrecadar
US$ 2,7 bilhões em impostos.
O país teve crescimento de
mais de 8% anuais nos últimos
cinco anos. A alta nas exportações e a retomada do gasto público empurraram o crescimento.
Mas o congelamento de tarifas e
outros malabarismos na política
econômica, como a manipulação
do índice de inflação, limitaram
o investimento produtivo.
A piora no cenário econômico
coincide com o desgaste na popularidade da presidente, já debilitada por uma marcante derrota no Senado em julho -quando falhou a tentativa de sobretaxar as exportações agrícolas. A
medida contra os fundos privados foi anunciada em momento
crítico. Argentinos, escaldados
pela violência de sucessivos planos econômicos no passado recente, habituaram-se a tirar dinheiro do país ao menor sinal de
mudança de rumos na política.
O pacote, que precisa passar
pelo Congresso, ampliou as incertezas sobre as regras básicas
do jogo na Argentina. Que seja
apenas uma situação passageira.
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