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ELIANE CANTANHÊDE
Verdades e meias verdades
BRASÍLIA - O presidente não
transferiu votos, os governadores
foram os grandes vencedores e o
PMDB virou o partido mais cobiçado do planeta. Isso tudo é verdade,
mas política não se faz com números nem com certezas, mas com
combinações de números e tendências. Senão, vejamos.
Lula não transferiu voto para este
ou aquele candidato, mas seus 80%
de popularidade pairaram sobre a
eleição e sobre muita vitória por aí.
Serra, Aécio e Sérgio Cabral saem
bem na foto, mas Jaques Wagner
enfrentou uma barreira de PMDB e
carlismo na Bahia e recua nas suas
pretensões nacionais. E o PMDB...
bem, o que vem a ser o PMDB?
Cabral e Eduardo Paes, no Rio,
são peemedebistas e lulistas ferrenhos hoje, mas já foram tucanos ontem e podem muito bem estar ou
com Dilma ou com Serra amanhã.
Caso do grande vitorioso na Bahia,
o já bastante badalado Geddel Vieira Lima, que é Lula no plano nacional e anti-PT no regional.
Se José Sarney votou no domingo
pregando a aliança PMDB-Lulismo
para 2010, Quércia apoiou Gilberto
Kassab sob a perspectiva de uma
vaga ao Senado na composição serrista em São Paulo para 2010.
Avaliações numéricas devem ser
lidas com uma lupa dialética em
eleições municipais, onde o que interessam são as questões comezinhas, o jogo político local e composições às vezes estapafúrdias, bem
distantes do Planalto.
Dá para atribuir os 3,8 milhões de
votos de Kassab para o DEM? Dá
para creditar a derrota de Walter
Pinheiro em Salvador para Lula? E
o PSB, computado entre os 16 partidos da base aliada, em quantos lugares se aliou ao PSDB para derrotar o PT? Isso foi vitória governista
ou oposicionista?
A eleição municipal fortaleceu
uns, enfraqueceu outros. Pôs as cartas na mesa para a sucessão presidencial. Mas tem muito jogo até lá.
As fichas dependem da crise e de
seus efeitos sobre o país e sobre a
força política de Lula.
elianec@uol.com.br
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