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MARCOS NOBRE
Um Geraldo no caminho
SÃO PAULO desequilibra o jogo
político. Além de 30% do PIB,
tem 22% do eleitorado. Quem
tem pretensões nacionais precisa
ou fazer uma ampla coalizão de
forças do restante do país, ou ganhar base paulista.
A neo-aliança tucano-petista em
Belo Horizonte foi exemplo da
união dos contrários paulistas.
Mas, tudo somado, não conseguiu
convencer nem empolgar. Todo
mundo continua olhando mesmo é
para São Paulo.
Principalmente porque a estratégia de José Serra foi a de ceder
base eleitoral. O governador de São
Paulo pagou desde já a fatura de
2010. Entregou legítimo território
eleitoral tucano para implantar o
DEM e fazer renascer o PMDB local, elegendo Alda Marco Antônio
vice-prefeita da capital (e candidata "natural", como se diz, em 2012).
Pelo menos por ora, essa nova redistribuição não significa equilíbrio de forças. As eleições na cidade de São Paulo, por exemplo, são
hoje reguladas por uma divisão
PT/anti-PT. Nessa lógica, o PT fica
encurralado pelo teto máximo de
um terço do eleitorado. Quando se
considera todo o Estado, o teto de
votação do partido também se
mostra próximo disso.
Não foi por outra razão que Lula
se empenhou tanto nas eleições na
Grande São Paulo. Tentou preservar a presença eleitoral necessária
para não inviabilizar a candidatura
presidencial de Dilma Rousseff.
Em suma, tudo parece perfeito
para Serra. Mas: tem um Geraldo
Alckmin no meio do caminho.
Em poucas semanas, o pesado tiroteio eleitoral travado na cidade
de São Paulo entre tucanos, kassabistas e quercistas vai parecer distante. Mas não será facilmente esquecido. Nem Alckmin desaparecerá do cenário.
Dificilmente DEM e PMDB aceitarão uma candidatura Alckmin ao
governo em 2010. Já o candidato
preferido de Serra, Aloysio Nunes
Ferreira, seria o nome ideal para
manter a atual composição.
Nesse quadro, ganham credibilidade os rumores da possível transferência de Alckmin para o PTB no
ano que vem, quando o partido deixaria a base de apoio do governo
Lula, em um movimento já realizado no final do governo FHC.
Se isso acontecer, a estratégia de
Serra de dividir a capitania eleitoral de São Paulo pode se virar
contra o PSDB. O loteamento pode
se tornar de fato competição
eleitoral.
Desde o declínio de Paulo Maluf,
São Paulo não viu aparecer aquela
terceira grande força que torna
qualquer eleição ainda mais imprevisível. Com ela, o resultado pode
ser simplesmente a perda de uma
hegemonia tucana de 16 anos.
Mais: pode acabar tirando o PT do
encurralamento em que se encontra hoje em São Paulo.
nobre.a2@uol.com.br
MARCOS NOBRE escreve às terças-feiras nesta coluna.
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