São Paulo, domingo, 28 de dezembro de 2008

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EMÍLIO ODEBRECHT

Foco na diversidade

O BRASIL , como a maioria dos países americanos, abriga pessoas das mais variadas origens. Indígenas, descendentes de escravos trazidos da África e imigrantes que para cá vieram em busca de oportunidades para trabalhar e viver. Constituídos a partir dessa miscigenação, aprendemos a conviver com a diversidade.
Entretanto, mais importante que conviver é valorizar. Ao longo de minha vida empresarial, que nos últimos 30 anos foi marcada por intensa atuação internacional, pude perceber que a capacidade de adaptação dos brasileiros é uma virtude.
Nossa facilidade para a integração cultural e para assimilar as diferenças sempre representaram vantagens importantes.
Com a globalização, vivemos hoje situações impensáveis anos atrás. No Djibuti, em uma obra de construção de um terminal portuário, temos uma comunidade de trabalhadores formada por 1.100 pessoas que falam 14 línguas diferentes. Somente em uma de nossas operações, na Libéria, há gente de 20 nacionalidades.
Administrar a complexidade desses ambientes não é tarefa fácil, mas a troca de experiências e o intercâmbio cultural que proporcionam são decisivos para o desenvolvimento das pessoas e para o sucesso dos empreendimentos.
A diversidade, portanto, pode ser também um fator de produtividade. Para que isso ocorra, há duas condições: sustentar-se no respeito à idade, gênero, credo, estilos de pensamento e repertório cultural; e o desenvolvimento, pelos líderes das empresas, de uma nova competência que os ajude a identificar as vocações naturais e a potencializar as forças dos diferentes.
Peruanos são profundos conhecedores de mineração. Mexicanos usam processos de irrigação desde tempos ancestrais. Brasileiros nascidos no Nordeste trazem a marca da perseverança e da criatividade necessárias para a sobrevivência. As mulheres têm a sensibilidade e a intuição que muitas tarefas exigem.
A convivência simultânea de três gerações é outra força dentro de qualquer organização. Para que a formação dos jovens em início de carreira seja baseada nas experiências e exemplos dos mais maduros, esta convivência deve ser estimulada, incluindo os que se encontram às vésperas da aposentadoria.
Ao invés de recompensados por sair, os mais idosos devem ser motivados a permanecer no ambiente de trabalho para que -sem espírito de competição- compartilhem com as novas gerações o que têm de mais precioso, que são os conhecimentos que acumularam ao longo da vida. Desejo a todos um feliz 2009, esperando que seja menos sombrio do que tantos imaginam.


EMÍLIO ODEBRECHT escreve nesta coluna três domingos por mês.


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