|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EMÍLIO ODEBRECHT
Foco na diversidade
O BRASIL , como a maioria dos
países americanos, abriga
pessoas das mais variadas
origens. Indígenas, descendentes
de escravos trazidos da África e
imigrantes que para cá vieram em
busca de oportunidades para trabalhar e viver. Constituídos a partir dessa miscigenação, aprendemos a conviver com a diversidade.
Entretanto, mais importante que
conviver é valorizar.
Ao longo de minha vida empresarial, que nos últimos 30 anos foi
marcada por intensa atuação internacional, pude perceber que a capacidade de adaptação dos brasileiros é uma virtude.
Nossa facilidade para a integração cultural e para assimilar as diferenças sempre representaram
vantagens importantes.
Com a globalização, vivemos hoje situações impensáveis anos
atrás. No Djibuti, em uma obra de
construção de um terminal portuário, temos uma comunidade de trabalhadores formada por 1.100 pessoas que falam 14 línguas diferentes. Somente em uma de nossas
operações, na Libéria, há gente de
20 nacionalidades.
Administrar a complexidade
desses ambientes não é tarefa fácil,
mas a troca de experiências e o intercâmbio cultural que proporcionam são decisivos para o desenvolvimento das pessoas e para o sucesso dos empreendimentos.
A diversidade, portanto, pode ser
também um fator de produtividade. Para que isso ocorra, há duas
condições: sustentar-se no respeito à idade, gênero, credo, estilos de
pensamento e repertório cultural;
e o desenvolvimento, pelos líderes
das empresas, de uma nova competência que os ajude a identificar as
vocações naturais e a potencializar
as forças dos diferentes.
Peruanos são profundos conhecedores de mineração. Mexicanos
usam processos de irrigação desde
tempos ancestrais. Brasileiros nascidos no Nordeste trazem a marca
da perseverança e da criatividade
necessárias para a sobrevivência.
As mulheres têm a sensibilidade e a
intuição que muitas tarefas exigem.
A convivência simultânea de três
gerações é outra força dentro de
qualquer organização. Para que a
formação dos jovens em início de
carreira seja baseada nas experiências e exemplos dos mais maduros,
esta convivência deve ser estimulada, incluindo os que se encontram
às vésperas da aposentadoria.
Ao invés de recompensados por
sair, os mais idosos devem ser motivados a permanecer no ambiente
de trabalho para que -sem espírito
de competição- compartilhem
com as novas gerações o que têm
de mais precioso, que são os conhecimentos que acumularam ao longo da vida.
Desejo a todos um feliz 2009, esperando que seja menos sombrio
do que tantos imaginam.
EMÍLIO ODEBRECHT escreve nesta coluna três
domingos por mês.
Texto Anterior: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: O sol por comissão Próximo Texto: Frases
Índice
|