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ÍNDEX ALIMENTAR
O programa Fome Zero pode
estar prestes a criar um índex
às avessas. O índex petista pode criar
a figura do "alimento proibido". A
pessoa que adquirir com dinheiro de
seu benefício itens vedados pelo programa será excluída do Fome Zero.
Uma das integrantes do conselho
gestor do projeto no Piauí diz que "os
beneficiados não podem comprar iogurte nem biscoito recheado". Já
uma coordenadora do Fome Zero,
também no Piauí, nega que haverá
restrições além de refrigerantes, bebida alcoólica e cigarros. Tampouco
se sabe o grau de tolerância dos gestores para com o beneficiado que ousar consumir um item proibido. Os
mais radicais pregam que ele seja excluído do programa já na primeira
falta. Os mais liberais defendem o
castigo após a segunda.
Um temor dos críticos do Fome Zero, o de que geraria uma nova e dispendiosa estrutura burocrática, parece estar se concretizando. As pessoas
beneficiadas com a renda mensal terão de prestar contas de que gastaram o seu dinheiro apenas nos alimentos permitidos. Os conselhos do
Fome Zero serão, portanto, grandes
máquinas de verificação de comprovantes de compra instaladas em regiões pobres do Brasil. Terão poder
de decidir quem continua e quem
deixa de receber o benefício.
Esse esquema de patrulha alimentar, além de fazer tábula rasa da autonomia dos beneficiados, gera um
sem-número de possibilidades de
burla e de corrupção. Ademais, fragmenta ainda mais a política social
brasileira e cria um custo adicional
de administração.
Segundo a Prefeitura de São Paulo,
nos seus programas de transferência
direta de renda, 70% dos recursos recebidos pelas famílias são usados na
compra de alimentos; 85% são gastos na própria região em que a família reside. Isso sem ter de arcar com
uma megaestrutura para tutelar o
gasto dos beneficiados, como pretende o Fome Zero.
Está equivocada a concepção do
programa federal. Que os assessores
de Lula ouçam as críticas, pois há
tempo de reformá-lo.
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