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MAUS INDICADORES
A renda média auferida pelo
trabalhador brasileiro atingiu
no final de 2003 seu menor nível em
dez anos, de acordo com o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). Em relação a 2002, a queda
foi de 12%. O declínio ocorre de forma sistemática desde 1998, já tendo
consumido os ganhos de poder
aquisitivo propiciados pelo Plano
Real nos primeiros anos de estabilidade. Descontada a inflação, o rendimento médio das pessoas ocupadas
em 2003 foi de R$ 870 -inferior aos
R$ 890 registrados em 1993.
A mesma tendência de deterioração do rendimento foi detectada em
São Paulo pela Fundação Seade/
Dieese, que também divulgou taxa
anual recorde de desemprego na região metropolitana: 19,9% em 2003,
o maior índice desde 1985, quando a
pesquisa começou a ser realizada.
Diante desse quadro não há motivo
para surpresas em relação ao mau
desempenho das vendas no magro
Natal de 2003. Segundo pesquisa da
Federação do Comércio do Estado de
São Paulo, a queda no faturamento
do varejo foi de 3,6% em relação ao
mesmo período de 2002.
Esses indicadores corroboram os
sinais de que a incipiente recuperação da economia não tem sido acompanhada de uma retomada mais homogênea e firme do consumo. Os
avanços verificados parecem responder a estímulos específicos, como a
redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) na indústria
automobilística, os empréstimos
com desconto em folha de pagamento e algumas linhas de crédito especiais criadas pelo governo.
O cenário econômico, portanto,
continua desalentador. Se a trajetória, depois de um ano de estagnação,
é de retomada da atividade econômica, o ritmo tem sido lento e o alcance,
desigual. Até o momento, não há nenhuma evidência de um processo de
aceleração da demanda que possa
sugerir riscos de descontrole da inflação. Nesse contexto, a excessiva
cautela demonstrada pelo Banco
Central ao interromper a queda da
taxa de juros mostra-se ainda mais
indefensável.
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