São Paulo, domingo, 29 de março de 2009

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EMÍLIO ODEBRECHT

Líderes educadores

A EXISTÊNCIA de universidades corporativas em grandes grupos empresariais é, hoje, uma realidade disseminada pelo mundo. Nelas, os trabalhadores estudam em benefício da organização e de si mesmos, adquirindo saberes específicos que a escola não lhes ofereceu ou aperfeiçoando conhecimentos. A percepção de que empresas cujos integrantes vivam em contínuo aprendizado são mais bem-sucedidas motivou o surgimento desses centros educacionais.
É vital, portanto, que a educação na empresa esteja voltada para a geração de resultados tangíveis e intangíveis. Melhorias de produtividade, desenvolvimento tecnológico, excelência no atendimento aos clientes e identificação e formação de talentos devem decorrer da ênfase na capacitação cada vez mais apurada dos trabalhadores.
Nesse sentido, este sistema educacional deve evitar generalizações e abstrações, mantendo-se conectado ao canteiro de obras, à usina, à fábrica, ao campo agrícola, enfim, aos lugares onde a riqueza nasce. Além dos resultados econômicos, há os resultados não econômicos que cada profissional qualificado pode alcançar, educando novas pessoas, trabalhando com responsabilidade social, projetando uma imagem positiva dos negócios. Mas, ao lado desse tipo de ação estruturada, as empresas precisam também de líderes educadores.
Líderes educadores são aqueles executivos que tomam para si a tarefa de educar seus liderados, como uma responsabilidade indelegável. Refiro-me ao tema em seu sentido amplo. Penso em educação como a formação integral da pessoa, via construção de seus valores e caráter, mais os conhecimentos que adquira.
Aqueles a quem chamo líderes educadores devem agir como preceptores, motivando e orientando seus liderados, para que evoluam e tornem-se multiplicadores dessa forma de pensar e de agir. Seja qual for a idade, sexo, instrução ou atividade que desempenha, toda pessoa pode aprender. O líder educador é a fonte de tal estímulo.
Líderes que percebem e não pressupõem enxergam a realidade sob a perspectiva do tempo, antevendo o melhor futuro para a empresa e o que fazer para atingi-lo. E sabem valorizar o patrimônio intangível, em especial a lealdade, a dedicação e o espírito de servir de seus trabalhadores.
Líderes educadores, por fim, sabem recompensar, compartilhando os ganhos com todos que contribuíram para que fossem alcançados, em todos os níveis da empresa, sem discriminação ou privilégios. Porque líderes educadores não são chefes, são parceiros. Para eles, a hierarquia está sempre no cliente.

EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta coluna.


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