São Paulo, terça-feira, 29 de março de 2011

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Editoriais

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Prostração com a dengue

Embora a incidência da doença não tenha atingido ainda níveis alarmantes, não deixam de causar preocupação os mais recentes números da dengue no país. Afinal, é no verão e no outono que a incidência costuma disparar.
Na capital paulista, o número de registros é maior, até agora, do que o patamar alcançado, no mesmo período, em 2008 e 2009, embora não tenha atingido o pico de 2010. No ano passado, o Estado de São Paulo contabilizou o maior número de casos em sua história.
Na cidade do Rio de Janeiro já foram notificados 10.631 casos neste ano, mais do que a soma dos registros de 2009 e 2010. Registraram-se os dois primeiros casos do tipo 4 da doença, o que aumenta os riscos de epidemia, pois a população ainda não está imunizada contra essa variante do vírus.
A única boa notícia é a diminuição de casos de fevereiro (5.227) aos primeiros 28 dias de março (3.911) na capital fluminense.
Há quase três décadas o Brasil convive com a dengue, cujos surtos esporádicos, e as mortes deles decorrentes, expõem o despreparo da assistência à saúde no país. O acúmulo de experiência, que deveria ter contribuído para um combate cada vez mais eficiente à disseminação do vírus, tem resultado em acomodação por parte da população e das autoridades.
Em resposta à escalada da doença na cidade, a Prefeitura do Rio tomou uma providência, sim -estatística. Alterou os critérios usados no município para definir a gravidade da disseminação do vírus. Desapareceram, por força de prestidigitação numérica, os alertas de surto em bairros onde, segundo o padrão da Organização Mundial da Saúde, estaria em curso uma epidemia de dengue (quando se supera o limiar de 300 casos por 100 mil habitantes).
Em São Paulo, o bairro do Itaim Bibi, um dos mais ricos da cidade, aparece como um dos campeões de casos. A Secretaria Municipal de Saúde atribui o pico de registros à resistência da população em receber os agentes da prefeitura responsáveis por fiscalizar as casas e impedir a proliferação do mosquito transmissor. Sem a colaboração dos moradores, é impossível controlar o vetor da doença.
As cifras da dengue, que a cada ano parecem surpreender autoridades, atestam a insuficiência das políticas de controle da doença.


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