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AJUSTE INCOMPLETO
Alguns elementos tranqüilizadores e outros preocupantes se
fizeram notar na divulgação das estatísticas do Banco Central referentes
ao desempenho das contas externas
do país no mês de março.
Pelo lado positivo, destacou-se o
saldo recorde na conta de transações
correntes, que retrata o intercâmbio
de bens e serviços com o exterior. A
grande contribuição para esse resultado adveio mais uma vez do superávit na balança comercial.
Embora esteja sendo favorecido
por fatores como a timidez da demanda interna e a alta das cotações
internacionais de diversas commodities que têm grande peso na pauta de
exportações, a dimensão que o superávit comercial vem sustentando leva
a crer que ele não seja um fenômeno
conjuntural, mas, sim, reflexo de
uma mudança de fôlego nas relações
econômicas do país com o exterior.
Essa renovada constatação sugere
que está afastado do horizonte imediato o espectro de uma crise de escassez de dólares como as que se repetiram entre o final de 1997 e o início de 2003.
Ainda assim, não se pode deixar de
constatar que o esforço de ajuste das
contas externas não chegou a conduzi-las a uma situação que possa ser
considerada confortável. Dentre os
aspectos desconfortáveis, quatro podem ser destacados.
Primeiro, a entrada de investimentos estrangeiros dirigidos ao setor
produtivo perdeu dinamismo e continua muito abaixo do potencial
-entre outras razões, por causa do
crescimento baixo e incerto da economia nacional. Segundo, os ingressos de empréstimos externos no país
continuam se mostrando muito voláteis: em março, apenas 51% das dívidas de médio e longo prazo que
venceram foram renovadas. Terceiro, as reservas de divisas do BC, excluídos os recursos emprestados pelo FMI, ainda continuam muito
aquém do nível que seria desejável.
Por fim, os indicadores de vulnerabilidade externa da economia brasileira (como as relações entre dívida
externa e nível de reservas e entre dívida externa e exportações) permanecem claramente inferiores aos das demais economias emergentes.
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