São Paulo, quinta-feira, 29 de abril de 2010

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KENNETH MAXWELL

As eleições britânicas

NA PRÓXIMA quinta-feira, os britânicos irão às urnas para uma eleição geral. A campanha foi curta. Pelos padrões norte-americanos, ou até brasileiros, também foi relativamente barata.
Não há, por exemplo, comerciais pagos de televisão, embora os partidos recebam horários para propaganda eleitoral gratuita. A batalha pelo voto é disputada distrito a distrito, por candidatos locais, e vence em cada distrito o candidato mais votado, mesmo que não obtenha mais de 50% dos votos.
Pesquisas de opinião são notoriamente ineficientes na previsão dos resultados. O Partido Trabalhista tradicionalmente conquista mais assentos no Parlamento com menos votos que os conservadores, e os liberais-democratas tendem a eleger apenas metade do número de parlamentares que seus números nas pesquisas nacionais parecem indicar.
Na mais recente eleição geral, os trabalhistas conquistaram 32,5% dos votos, mas 55% dos assentos parlamentares; os conservadores, com 32,4% dos votos, obtiveram 31% dos assentos; os liberais-democratas, com 22% dos votos, ficaram com apenas 10% dos assentos.
Neste ano, o resultado é ainda mais incerto do que em qualquer momento desde a metade dos anos 70. Isso vem de dois fatores. O primeiro é o impacto dos primeiros debates televisivos entre líderes partidários na história britânica.
Os debates na televisão opuseram o primeiro-ministro, Gordon Brown, e o líder do Partido Conservador, David Cameron, a Nick Clegg, o ágil e atraente líder dos sociais-democratas.
Nick Clegg, para grande surpresa de todos, fez com que Gordon Brown parecesse cansado e David Cameron parecesse inexperiente.
Também promoveu uma mudança mais sutil no tom da discussão. É evidente que ele não se apega tanto a muitas das velhas fórmulas da política britânica. Clegg se sente confortável quanto à integração com a Europa e é casado com uma advogada espanhola.
Como isso se traduzirá em resultados eleitorais é questão que resta decidir. As pesquisas de opinião desta segunda-feira mostravam 32% para os conservadores, 31% para os liberais-democratas e 28% para os trabalhistas nas intenções de voto.
Esse equilíbrio estreito provocou debates acalorados, já que negaria a qualquer dos três grandes partidos maioria clara na Câmara dos Comuns e produziria um Parlamento "empatado", no qual negociações seriam inevitáveis.
Os liberais-democratas sempre defenderam uma grande reforma do sistema, de modo a permitir que as preferências dos eleitores fossem representadas de maneira mais justa na composição do Parlamento.

KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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