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KENNETH MAXWELL
As eleições britânicas
NA PRÓXIMA quinta-feira, os
britânicos irão às urnas para uma eleição geral. A campanha foi curta. Pelos padrões norte-americanos, ou até brasileiros,
também foi relativamente barata.
Não há, por exemplo, comerciais
pagos de televisão, embora os partidos recebam horários para propaganda eleitoral gratuita. A batalha pelo voto é disputada distrito a distrito, por candidatos locais, e
vence em cada distrito o candidato
mais votado, mesmo que não obtenha mais de 50% dos votos.
Pesquisas de opinião são notoriamente ineficientes na previsão
dos resultados. O Partido Trabalhista tradicionalmente conquista
mais assentos no Parlamento com
menos votos que os conservadores,
e os liberais-democratas tendem a
eleger apenas metade do número
de parlamentares que seus números nas pesquisas nacionais parecem indicar.
Na mais recente eleição geral, os
trabalhistas conquistaram 32,5%
dos votos, mas 55% dos assentos
parlamentares; os conservadores,
com 32,4% dos votos, obtiveram
31% dos assentos; os liberais-democratas, com 22% dos votos, ficaram com apenas 10% dos assentos.
Neste ano, o resultado é ainda
mais incerto do que em qualquer
momento desde a metade dos anos
70. Isso vem de dois fatores. O primeiro é o impacto dos primeiros
debates televisivos entre líderes
partidários na história britânica.
Os debates na televisão opuseram
o primeiro-ministro, Gordon
Brown, e o líder do Partido Conservador, David Cameron, a Nick
Clegg, o ágil e atraente líder dos sociais-democratas.
Nick Clegg, para grande surpresa
de todos, fez com que Gordon
Brown parecesse cansado e David
Cameron parecesse inexperiente.
Também promoveu uma mudança
mais sutil no tom da discussão. É
evidente que ele não se apega tanto
a muitas das velhas fórmulas da política britânica. Clegg se sente confortável quanto à integração com a
Europa e é casado com uma advogada espanhola.
Como isso se traduzirá em resultados eleitorais é questão que resta
decidir. As pesquisas de opinião
desta segunda-feira mostravam
32% para os conservadores, 31%
para os liberais-democratas e 28%
para os trabalhistas nas intenções
de voto.
Esse equilíbrio estreito provocou debates acalorados, já que negaria a qualquer dos três grandes
partidos maioria clara na Câmara
dos Comuns e produziria um Parlamento "empatado", no qual negociações seriam inevitáveis.
Os liberais-democratas sempre
defenderam uma grande reforma
do sistema, de modo a permitir
que as preferências dos eleitores
fossem representadas de maneira
mais justa na composição do
Parlamento.
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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