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FERNANDO RODRIGUES
O discurso e o voto de direita
BRASÍLIA - Há várias explicações para o ex-governador do Rio Anthony
Garotinho, do PSB, estar há tanto
tempo no patamar de 15% nas pesquisas de opinião para presidente da
República.
Uma explicação possível é a popularidade alta de Garotinho ao deixar
o governo fluminense. A outra é apenas uma tese que circula entre os inimigos do pré-candidato do PSB e pelos corredores de Brasília: ele seria o
galvanizador dos votos de parte da
direita no Brasil.
Quando diz ser contra a união civil
entre pessoas do mesmo sexo, Garotinho assume uma atitude que nenhum de seus adversários (Lula, José
Serra e Ciro Gomes) adota, pelo menos nunca em público.
Ao anunciar que sua campanha será feita com doações de R$ 1, Garotinho mimetiza movimentos do passado, como o do "tostão contra o milhão", populismo da mais pura cepa.
Agora, em uma pesquisa do Sensus,
Garotinho apareceu numericamente
à frente do tucano José Serra. Seria
outra evidência de que o presidenciável do PSB está com o voto conservador a seu favor -afinal, o Brasil seria a exceção planetária se tivesse um
segundo turno entre candidatos de
esquerda e de centro-esquerda.
Até pouco tempo, a direita convencional era representada nesta sucessão por Roseana Sarney (PFL). Por
paradoxal que fosse, era uma mulher
quem daria voz aos conservadores.
A saída de Roseana deixou uma
parcela do eleitorado desnorteada.
Uma parte dos conservadores convictos e do voto do lumpesinato ficaram
à deriva. Podem ter encontrado um
porto temporário em Garotinho.
Tudo somado, é difícil para o candidato José Serra simplesmente ficar
ao lado de FHC, herdar a popularidade presidencial e vencer a disputa.
Terá também, em alguma medida,
de conquistar os votos da direita que
hoje podem estar com Garotinho.
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