São Paulo, quarta-feira, 29 de maio de 2002

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FERNANDO RODRIGUES

O discurso e o voto de direita

BRASÍLIA - Há várias explicações para o ex-governador do Rio Anthony Garotinho, do PSB, estar há tanto tempo no patamar de 15% nas pesquisas de opinião para presidente da República.
Uma explicação possível é a popularidade alta de Garotinho ao deixar o governo fluminense. A outra é apenas uma tese que circula entre os inimigos do pré-candidato do PSB e pelos corredores de Brasília: ele seria o galvanizador dos votos de parte da direita no Brasil.
Quando diz ser contra a união civil entre pessoas do mesmo sexo, Garotinho assume uma atitude que nenhum de seus adversários (Lula, José Serra e Ciro Gomes) adota, pelo menos nunca em público.
Ao anunciar que sua campanha será feita com doações de R$ 1, Garotinho mimetiza movimentos do passado, como o do "tostão contra o milhão", populismo da mais pura cepa.
Agora, em uma pesquisa do Sensus, Garotinho apareceu numericamente à frente do tucano José Serra. Seria outra evidência de que o presidenciável do PSB está com o voto conservador a seu favor -afinal, o Brasil seria a exceção planetária se tivesse um segundo turno entre candidatos de esquerda e de centro-esquerda.
Até pouco tempo, a direita convencional era representada nesta sucessão por Roseana Sarney (PFL). Por paradoxal que fosse, era uma mulher quem daria voz aos conservadores.
A saída de Roseana deixou uma parcela do eleitorado desnorteada. Uma parte dos conservadores convictos e do voto do lumpesinato ficaram à deriva. Podem ter encontrado um porto temporário em Garotinho.
Tudo somado, é difícil para o candidato José Serra simplesmente ficar ao lado de FHC, herdar a popularidade presidencial e vencer a disputa. Terá também, em alguma medida, de conquistar os votos da direita que hoje podem estar com Garotinho.


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