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LOBOS E FALCÕES
O secretário de Defesa dos
EUA, o "falcão" Donald
Rumsfeld, admitiu que Saddam
Hussein poderia não possuir armas
de destruição em massa, ao contrário do que alegavam Washington e
Londres. Depois de buscas exaustivas, o secretário considerou possível
que o Iraque tenha destruído arsenais químicos e biológicos antes da
guerra, como exigia a ONU. Cairia
por terra, assim, o principal argumento que o presidente George W.
Bush e o premiê Tony Blair usaram
para tentar justificar o conflito.
Grande parte da opinião pública
mundial não se deixou convencer,
mas muitos americanos, enredados
numa ostensiva campanha bélica capitaneada pelos principais grupos de
mídia do país, estavam convictos de
que a indústria iraquiana se dedicava
a fabricar clandestinamente germes
e venenos mortais.
EUA e Reino Unido não hesitaram
nem mesmo em utilizar-se de falsificações grosseiras para estabelecer a
enorme ameaça iraquiana. Exibiram
como provas da periculosidade do
regime de Saddam Hussein papéis
forjados e até um trabalho escolar
produzido dez anos antes.
Para descrever o que considerava
ser o estado natural da humanidade,
o filósofo político Thomas Hobbes
empregou o velho adágio latino "homo homini lupus" (o homem é o lobo do homem). Se aplicarmos a
mesma idéia ao plano supranacional, concluiremos que a chamada
comunidade internacional é uma alcatéia de interesses na qual países
por vezes se voltam contra outros
países para devorá-los.
No caso iraquiano, os EUA agiram
como o lobo da fábula de Esopo.
Ainda que Saddam Hussein não fosse exatamente um cordeiro, ele foi
devorado com base na lei do mais
forte, para a qual justificativas e Direito são detalhes incômodos destinados ao esquecimento.
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