São Paulo, sábado, 29 de junho de 2002

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PAINEL DO LEITOR

PT
"A revelação de que o pré-candidato da oposição foi vítima de escuta telefônica é fato grave, que precisa ser investigado em detalhes, porque, se a democracia tem suas regras, é inadmissível que a brecha legislativa seja deturpada em prol de interesses políticos menores. É natural que o ministro da Justiça tome a frente, apure com rigor os acontecimentos e remeta à apreciação do Judiciário o nome dos culpados para que sejam responsabilizados."
Carlos Henrique Abrão (São Paulo, SP)

Fórmula
"Sou economista formado por uma boa faculdade (USP), tenho 70 anos e ainda consigo surpreender-me e indignar-me com a passividade do brasileiro. Um tecnocrata qualquer dos EUA inventa uma fórmula que mede o risco financeiro dos países e todo mundo fica assombrado com a sua luminosa idéia. Atribuir risco a um país, fato que pode colocá-lo em uma situação de difícil administração interna, é, no mínimo, um ato leviano. Que raio de fórmula é essa? Quais são seus parâmetros? A quem interessa a sua aplicação? O Itamaraty deveria providenciar uma oportunidade para que o autor da fórmula viesse defendê-la aqui no Brasil. Se se concordasse com ela, nós seríamos os primeiros a correr em busca das soluções internas. Caso contrário, deveria pagar-nos pelos prejuízos que nos causa."
Alcides Casado de Oliveira (São Paulo, SP)

Golpes
"Quero cancelar minha assinatura e explico por quê. Amo meu país e quero ver o meu povo respeitado por seus dirigentes. Não aguento mais assistir ao massacre das nossas crianças, ao desperdício de seus potenciais, à banalização da vida, à destruição da esperança, aos maus-tratos com a natureza. Não vou colaborar com quem apóia a elite por meio de seus representantes como José Serra. Talvez a Folha saia ganhando sob domínio americano, mas o meu povo certamente perderá. Não pertenço a nenhum partido político. Sou apenas uma pessoa -vinda de uma família de pais honestos e orgulhosos, que, enganados, davam suas alianças de ouro em programa do governo para o bem do Brasil- que paga uma dívida externa da qual não teve retorno e come o pão que o diabo amassou. Ainda tenho um restinho de esperança, mas tenho consciência de que a guerra ainda nem começou e de que, daqui para a frente, vão ser usados todos os golpes baixos para enganar o povo (mantido na ignorância). Mas coisas novas acontecem quando menos se espera."
Celia Marcia Silveira Cardoso (Belo Horizonte, MG)

Igreja
"O sr. Boaventura de Sousa Santos ("A igreja e a nova Reforma", "Tendências/ Debates", pág. A3, 27/6) não demonstra estar qualificado para fazer julgamentos sobre a Igreja Católica. Não é logicamente aceitável que faltas -ainda que moral e humanamente graves- de sacerdotes sejam creditadas à "instituição" igreja. É preciso saber separar as pessoas humanas que falharam, falham e falharão das instituições a que pertencem."
Pedro J. de Rezende (Campinas, SP)

"O artigo do professor Boaventura de Sousa Santos é bem claro. É um alerta fantástico. Tomara que seja analisado pelo alto clero católico. A reforma é desejada por todos os que desejam um cristianismo mais autêntico e transparente. É muito fácil perceber que, como todos os homens, padres também têm desejos sexuais e também desejam formar famílias. Mas são reprimidos. Quando esses desejos afloram, eles podem se tornar pedófilos ou efebófilos. Isso pode aumentar ainda mais o descrédito da já combalida Igreja Católica."
Paulo Formagio (Campinas, SP)

Metrô
"Em relação às informações veiculadas na reportagem "TV Esgoto pode emperrar obras no Tietê" (Cotidiano, pág. C4, 24/6) sobre irregularidades nas obras das "novas estações do metrô na zona sul da capital", a Secretaria dos Transportes Metropolitanos do Governo do Estado de São Paulo (à qual o Metrô e a CPTM são vinculados) faz os seguintes esclarecimentos: Diferentemente do que afirma a reportagem, não existiram "irregularidades" nos contratos firmados para a construção das novas estações do metrô na zona sul da capital -que farão parte da Linha 5 Lilás. Na verdade, ocorreram questionamentos em relação ao valor de aditamentos feitos em alguns dos contratos da obra. Esses aditamentos, contudo, foram julgados regulares em 24 de maio último por acórdãos do Tribunal de Contas do Estado. O conselheiro Eduardo Bittencourt Carvalho, presidente da Primeira Câmara do TCE e redator dos acórdãos, reconheceu a correção das práticas adotadas pelos gestores dos contratos, uma vez que os aditamentos respeitaram os "princípios da finalidade, razoabilidade e proporcionalidade" e que "nova licitação apenas retardaria as obras, com risco de perder financiamento internacional". Além disso, o conselheiro lembrou o caráter "social e inestimável" da obra, concluindo que o "governo adotou o melhor caminho"."
Ana Maria Ribeiro, assessora de imprensa da Secretaria dos Transportes Metropolitanos (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Xico Sá - A lei federal 8.666/93, que regula as licitações públicas, não permite aditamentos superiores a 25% do valor das obras, como ocorreu com os contratos do metrô.

Espírito Santo
"Diante das declarações prestadas a esse jornal pelo senador Gerson Camata em 26/5 e da carta "Fenaj", publicada nesta seção em 18/6 pela presidente da Federação Nacional dos Jornalistas, Elisabeth Villela da Costa, sinto-me no dever, como autor da reportagem mencionada nos dois textos citados, de fazer as seguintes observações: 1) Fui processado criminalmente pelo senador por ter feito reportagem sobre irregularidades na contratação de empréstimos externos firmados na época em que o atual parlamentar governou o Espírito Santo, caso que ficou conhecido como "dolargate". 2) A queixa-crime foi rejeitada pelo juiz Valter Ferreira Xavier Filho, da 7ª Vara Criminal de Brasília, que, entre outras coisas, concluiu: "A reportagem é verdadeira". 3) O senador apelou da decisão, mas a 1ª Turma Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, por unanimidade, recusou o recurso. "A reportagem foi feita de modo elogioso, profundo", chegou a dizer em seu voto o desembargador Rosa de Farias. 4) Não houve novo recurso, e, em 8/4/ 94, o processo foi arquivado."
Sylvio Costa (Brasília, DF)



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