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VALDO CRUZ
Juízo final
BRASÍLIA - Se Sarney cair, ouvi
por aqui da boca de governistas
apocalípticos que o mundo acaba.
Não vai sobrar pedra sobre pedra na
seara legislativa de Lula.
A profecia conta que, se Sarney
cair, o Senado se transforma num
campo de guerra. Haverá sangue e
ranger de dentes nas hostes governistas. Festas e rojões entre oposicionistas de plantão.
A primeira batalha, se Sarney
cair, se dará na CPI da Petrobras.
Vaticinam os agourentos que os
peemedebistas passarão a andar de
braços dados com democratas e tucanos. E os petistas sentirão na pele
a dor das investigações da CPI.
O passo seguinte, se Sarney cair,
será a conquista da cadeira daquele
que hoje encarna toda onda de nepotismo na capital. Divididos, os
governistas podem ser atacados pelos flancos e perder o domínio do
Senado para a oposição.
Sem Sarney, o fim estará próximo. Instalado o clima de terra arrasada, nada mais de interesse do presidente Lula irá prosperar nos campos do Senado. E virão ervas daninhas derrubando vetos presidenciais, causando estragos nos cofres
públicos federais.
Na hora do juízo final, Lula condenará os senadores petistas ao fogo do inferno -onde, na verdade, já
se sentem hoje, espremidos entre
os desejos presidenciais e as cobranças de seus eleitores. E tentará,
como seu último milagre, levar sua
pupila Dilma Rousseff à terra prometida palaciana.
Como ouço desde pequeno que o
mundo vai acabar, e nunca acaba,
pelo menos até hoje, não sou de dar
ouvidos a esses profetas. Principalmente aqueles que profetizam
ameaças para curvar súditos a seus
interesses mundanos.
Agora, convenhamos, não é preciso ser profeta para vislumbrar
que alguma ruína virá. Quem será a
vítima? A confirmar. Como diria
um senador condenado ao fogo do
inferno, cada um tem o apocalipse
que merece. Ele prefere salvar seu
mandato ao dos outros.
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