|
Próximo Texto | Índice
Editoriais
editoriais@uol.com.br
Nova fase
Campanha nos EUA vai se concentrar nos Estados sem opção partidária definida, muito afetados pela crise econômica
A
ESCOLHA de um estádio
abarrotado como cenário para o último ato da
pré-campanha ilustra
à perfeição o estilo de Barack
Obama. A façanha do candidato
democrata à Casa Branca foi
pontuada de performances em
que o senador exercitava seu impressionante carisma.
Mudança, esperança. A oratória de Obama mostrou-se um
manancial de alegorias em torno
de um mesmo tema. Agarrado a
ela, um político mestiço em início de carreira, filho de pai queniano, conseguiu derrotar a poderosa máquina dos Clinton; angariou, também, grande simpatia
dos chamados formadores de
opinião, dentro e fora dos EUA.
A arrebatadora Obamania,
contudo, não se traduz numa
perspectiva de vitória tranqüila
para o democrata. Há equilíbrio
nas pesquisas nacionais de intenção de voto. As chances de
Obama parecem melhores que
as do republicano John McCain
quando se pesquisa Estado por
Estado, levando em conta as regras do jogo eleitoral nos EUA.
Ainda assim, a quantidade de colégios onde não se pode estabelecer preferência clara é suficiente
para modificar o resultado.
Se Obama já fez história e renovou a política americana, ainda não conseguiu desfazer a divisão que vem marcando sucessivas eleições. As regiões mais industrializadas e cosmopolitas -a
Costa Oeste, o Nordeste e o entorno dos Grandes Lagos- manifestam preferência firme pelos
democratas; o Sul e o extenso
miolo do país são redutos republicanos. O pleito se decidirá, de
fato, em alguns poucos Estados
sem identidade partidária estabelecida, como Flórida e Ohio.
Em busca do apoio desses colégios cruciais, a campanha americana vai entrar agora em uma
nova rotina. Além dos ataques
mútuos -os anúncios para "desconstruir" a imagem do adversário têm sido implacáveis-, passa
a prevalecer uma competição de
propostas direcionadas a uma
massa de eleitores assalariados,
majoritariamente brancos e latinos. São famílias diretamente
afetadas pela crise que levou a
economia à estagnação e que
ameaça seus tradicionais padrões de consumo e habitação.
A plataforma de Obama, nesse
quesito, é o tradicional protecionismo democrata. Defende novos incentivos e regulamentações para diminuir a concorrência estrangeira e criar mais empregos nos Estados Unidos.
McCain é nitidamente liberal.
Promete, por exemplo, revogar a
sobretaxa sobre a importação de
álcool de cana e recuar na política de subsídios ao ineficiente
etanol feito a partir do milho -o
que seria vantajoso do ponto de
vista do agronegócio brasileiro.
Próximo Texto: Editoriais: Risco de atraso no STF
Índice
|