|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FERNANDO RODRIGUES
O pior caminho
BRASÍLIA - Vários sinais ruins estão sendo emitidos pelas instituições brasileiras no campo da liberdade de expressão. O PT no governo tem feito
pouco ou quase nada a respeito.
Há pouco tempo um juiz proibiu
previamente a publicação de uma reportagem em uma revista.
O crime de racismo foi invocado
para impedir um editor de miolo mole de publicar livros dizendo que Estados nacionais devem perseguir judeus. Note-se que não há registro de
que esse abilolado tenha objetivamente impedido algum judeu de
exercer seus direitos civis.
O Supremo Tribunal Federal achou
que ter opiniões hediondas em público é igual a impedir alguém de entrar
num bar por causa da cor da sua pele
ou da sua convicção religiosa.
O caso mais estrepitoso do momento é o que resultou na proibição da
exibição do programa "Domingo Legal", pelo SBT. A razão: o apresentador Gugu Liberato havia exibido
uma entrevista forjada, com pagodeiros se dizendo criminosos e ameaçando de morte algumas pessoas.
O risco maior à liberdade de expressão ainda está para aparecer. Sobretudo se a TV não se auto-regular,
o governo e o Congresso se investirão
dessa missão. Uma temeridade.
A Secretaria Nacional de Justiça
pretende apresentar uma nova portaria para regulamentar a programação de TV até o final do ano. Ao
comentar os casos recentes de abusos
das TVs, misturando ficção com realidade, a secretária Cláudia Chagas
declarou: "A situação pode provocar
uma reflexão importante sobre o
controle social do conteúdo da programação".
"Controle social" é uma expressão
cheia de boas intenções. Ocorre que,
no campo da liberdade de expressão,
é um risco falar em "controle", seja de
que tipo for -ainda que a massa ignara até possa muitas vezes clamar
por algum tipo de censura, o nome
correto de "controle". O pior caminho é o Estado se animar e assumir
esse papel de nhonhô dizendo o que é
certo ou errado na TV.
Texto Anterior: São Paulo - Vinicius Torres Freire: TV pública, sim. Fora a Radiobrás Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Caridade ou crime? Índice
|