São Paulo, quarta-feira, 29 de setembro de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Estado e município
"Um dos fundamentos do regime republicano é a impessoalidade do exercício do poder, como bem lembrou a Folha no editorial "Atitude republicana", publicado ontem (Opinião, pág. A2). É com absoluto respeito a esse fundamento que o governo do Estado de São Paulo pauta as suas ações, como é reconhecido publicamente até mesmo pela senhora Marta Suplicy, prefeita de São Paulo e candidata pelo PT. Os investimentos do governo do Estado na capital somam mais de R$ 20 bilhões no período 1995-2004 em obras nas áreas de educação, saúde, transporte coletivo, saneamento básico, enchentes e habitação, entre outras. Apenas como exemplo, em 2002, o governo do Estado transferiu para a prefeitura a administração do Qualis na capital, com 215 equipes de saúde da família e 61 postos (muitos deles acoplados a unidades básicas de saúde). O governo do Estado não pauta suas ações pelos interesses partidários. O cidadão Geraldo Alckmin, no entanto, expressa a sua opinião pessoal de que José Serra é o melhor candidato para a Prefeitura de São Paulo, e é esse (e apenas esse) o sentido de minha declaração veiculada na propaganda do PSDB."
Geraldo Alckmin, governador do Estado (São Paulo, SP)

Nota da Redação - O texto acima é praticamente idêntico ao enviado pelo governador e publicado pela Folha nesta mesma seção em 4/9 em resposta ao editorial "Apoio anti-republicano", de 2/9.

Arte fotográfica
"Gostaria de parabenizar o fotógrafo Joel Silva pela belíssima foto publicada na Primeira Página em 25/9. A imagem mostra crianças mergulhando em uma piscina para se refrescar do intenso calor. Nunca tinha visto uma imagem tão linda feita de um ângulo tão inusitado. Tive a sensação de estar também dentro da piscina. Isso sem falar na plástica e na cor, que chega a parecer um quadro do artista holandês Rembrandt pelas cores e tons escuros. Uma prova de que a fotografia é uma arte."
Moacir Ribeiro (Belo Horizonte, MG)

Sem aventuras
"Vejam só a que ponto nós chegamos. Na entrevista que o presidente Lula deu a jornalistas de rádio, que o adularam o tempo todo, disse Sua Excelência que, em matéria econômica, não pode haver aventuras. Ora, isso significa que, com a maré de miseráveis espalhados pelo Brasil afora e com a indecente e pornográfica distribuição de renda, que provoca o aumento do número de miseráveis, o homem do povo, que veio para resgatar 500 anos de políticas sem aventuras e sem terremotos (para o andar de cima, bem entendido, como diria Elio Gaspari), acha que, com a política econômica tradicional e sem sustos (para o andar de cima, repito) que seu ministro da Fazenda vem conduzindo, irá resgatar o Brasil da miséria secular? Acha ele que, posando de representante dos famintos do mundo todo na ONU e andando de cócoras para o FMI no plano interno, será a redenção do povo? Clóvis Rossi acha que esse pessoal ou é cínico ou é insano. De minha parte, concluo que fomos mais uma vez vítimas de um estelionato eleitoral e, na hora H, o PT amarelou e teve medo de ser feliz."
Guilherme Silva Lima (São Paulo, SP)

Gardel
"O caderno Turismo de 20/9, que focou Bogotá e Cartagena, com certeza recebe nota 10 pela excelente reportagem, muito bem cuidada, com fotos ilustrativas muito bem colocadas. Silvio Cioffi e Rafael Alves Pereira estão de parabéns. Entretanto, na série de datas curiosas entre 2004 e o século 7º a.C., deixou de constar que, em 1935, na cidade de Medellín, um infausto acidente entre aeronaves no aeroporto vitimou o maior cantor de tangos de todos os tempos, Carlos Gardel, o letrista e roteirista brasileiro Alfredo Le Pera e músicos que faziam parte da comitiva em turnê a vários países. Houve consternação no mundo."
Antonio Angelo Blanes (São Paulo, SP)

Serviço público
"Gostaria de entender o que exatamente pensa o ministro Edson Vidigal quando afirma que quem entra no serviço público já sabe que vai ganhar mal ("Presidente do STJ liga eleições a omissão na greve do Judiciário", Entrevista da 2ª, 27/9). Parece-me que, ou ele pensa que servidores públicos trabalham por filantropia por saberem que serão mal remunerados, ou então que -o que me parece pior- o setor público está preparado para empregar pessoas menos qualificadas e, em conseqüência, oferecer um serviço de pior qualidade. Segundo essa lógica, entrariam para o serviço público aqueles que não tivessem nenhuma outra opção. Como servidora pública há mais de dez anos, não me enquadro em nenhuma dessas hipóteses, o que me faz discordar veementemente do que foi dito pelo senhor ministro. Lamento essa idéia, muito disseminada (ainda que de forma indireta), de que no serviço público devem estar os piores profissionais ou de que não há necessidade de remunerar bem esses servidores. O mais lamentável é essa visão -distorcida, na minha opinião- partir de um dos órgãos de cúpula do Poder Judiciário."
Viviane N. C. N. Ribeiro (São Paulo, SP)

Tabaco
"O artigo "Controle do tabaco, sim. Erradicação, não" ("Tendências/Debates", 27/9), do senhor Hainsi Gralow, está incompleto. Na sua ânsia de defender o indefensável, o senhor Gralow esqueceu-se de dizer que, além das dezenas de agricultores do fumo que morrem vítimas dos agrotóxicos usados naquela cultura, também morrem no Brasil 200 mil pessoas vítimas das doenças provocadas pelo cigarro. Omitiu que centenas de famílias que substituíram a plantação do fumo por outras culturas estão felizes e recompensadas financeiramente. Antes de defender a mortal cultura, o senhor Gralow deveria pensar nas viúvas e nos órfãos que o cigarro produz."
Adir de Castro, presidente da Anacota -Associação Nacional de Combate ao Tabagismo (Belo Horizonte, MG)

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