São Paulo, quinta-feira, 29 de setembro de 2011

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KENNETH MAXWELL

Isolacionismo

O German Marshall Fund dos EUA (GMF) foi criado para celebrar o papel do Plano Marshall na reconstrução da Europa após a Segunda Guerra. Em um discurso na Universidade Harvard em 1947, o general George Marshall, então secretário de Estado americano, lançou o plano que proveria assistência crucial à reconstrução europeia.
Também em Harvard, 25 anos mais tarde, o chanceler alemão Willy Brandt anunciou o estabelecimento do GMF, com uma generosa dotação orçamentária alemã, para servir como organização de pesquisa e de fomento à educação nos EUA. Sediado em Washington, o instituto visa promover o bom relacionamento entre os EUA e a Europa.
Trabalhei como consultor informal para o presidente do GMF no final dos anos 1970, depois da Revolução dos Cravos (1974), quando ajudei a organizar duas grandes conferências internacionais em Lisboa sobre a economia de Portugal. Era um período difícil. Portugal estava tentando enfrentar as consequências de um longo período de ditadura de direita, seguido por anos de conflitos entre militares de esquerda e políticos civis.
O projeto era instigante. Do lado americano, conseguimos o envolvimento de alguns jovens e brilhantes economistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Muitos deles, a exemplo de Paul Krugman, hoje professor da Universidade Princeton, colunista do "New York Times" e da Folha e laureado com o Nobel de Economia de 2008, viriam a construir carreiras brilhantes posteriormente.
Bruce Stokes recentemente se tornou pesquisador sênior no GMF. Acompanho seu trabalho já há anos. Ele era um dos meus colegas mais brilhantes no Conselho de Relações Exteriores de Nova York. Trabalhou por muitos anos no "National Journal", de Washington, publicando artigos sempre interessantes, com observações bastante aguçadas sobre a opinião pública e a política externa americanas.
Por isso, venho lendo com especial atenção os seus textos mais recentes. Em uma análise da mais recente pesquisa do GMF sobre a opinião pública dos dois lados do Atlântico, combinada a dados das pesquisas de opinião do instituto Pew, Stokes conclui que os jovens republicanos dos EUA perderam o interesse pela Europa, opõem-se cada vez mais a aventuras internacionais e veem a China como potencial inimigo.
Stokes acredita que isso represente a retomada de uma tradição muito antiga na política americana. Caso os republicanos reconquistem a Casa Branca e o controle do Senado no ano que vem, alerta Stokes, estejamos preparados para um retorno ao antigo isolacionismo dos EUA.

KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.

Tradução de PAULO MIGLIACCI




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