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São Paulo, sábado, 29 de novembro de 2003

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LENTIDÃO NOS "SPREADS"

Recentes declarações do chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, acerca dos "spreads" cobrados pelo sistema financeiro apenas confirmam uma preocupante situação já conhecida pelos agentes econômicos. Lopes disse na última terça que não vê perspectivas de "reduções significativas" na diferença entre a taxa de captação dos bancos e aquelas praticadas na concessão de crédito.
De fato, a despeito da queda da taxa básica de juros, os valores cobrados no crédito têm se mantido elevados. De maio a outubro, por exemplo, a Selic caiu de 26,5% para 19% ao ano. No mesmo período, as taxas de juros fixadas pelas instituições financeiras para empresas oscilaram, em média, de 39,1% para 32,5% ao ano. Já os "spreads" nessas operações para empresas caíram de 14,8 para 14,2 pontos percentuais, também entre os meses de maio e outubro. Quando consideradas pessoas físicas, cujos patamares são bem mais elevados, a mudança na taxa média de mercado foi de 83,7% para 69,4% ao ano.
Segundo o BC, variações deverão continuar ocorrendo, mas elas tenderão a ser mais lentas. Ou seja, as taxas do crédito devem resistir ainda mais às quedas da Selic.
As justificativas para isso, apresentadas pelo setor financeiro, vão de impostos a avaliações sobre riscos de inadimplência, passando pelos níveis dos depósitos compulsórios. Esses fatores levariam as instituições financeiras, apesar da competição existente, a se comportar como uma espécie de oligopólio na manutenção de altas taxas e "spreads".
A solução, afirmam os representantes do setor, estaria em reduzir os tributos e os compulsórios, além de aprovar uma Lei de Falências que oferecesse mais garantias aos credores. É difícil avaliar neste momento até que ponto tais medidas efetivamente levariam os "spreads" no Brasil a níveis aceitáveis. Certo é que, até que elas sejam tomadas, tudo indica que o país vá continuar convivendo com taxas muito altas, o que mantém viva uma lamentável distorção numa economia já cheia delas.


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