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LENTIDÃO NOS "SPREADS"
Recentes declarações do chefe
do Departamento Econômico
do Banco Central, Altamir Lopes,
acerca dos "spreads" cobrados pelo
sistema financeiro apenas confirmam uma preocupante situação já
conhecida pelos agentes econômicos. Lopes disse na última terça que
não vê perspectivas de "reduções significativas" na diferença entre a taxa
de captação dos bancos e aquelas
praticadas na concessão de crédito.
De fato, a despeito da queda da taxa
básica de juros, os valores cobrados
no crédito têm se mantido elevados.
De maio a outubro, por exemplo, a
Selic caiu de 26,5% para 19% ao ano.
No mesmo período, as taxas de juros
fixadas pelas instituições financeiras
para empresas oscilaram, em média,
de 39,1% para 32,5% ao ano. Já os
"spreads" nessas operações para
empresas caíram de 14,8 para 14,2
pontos percentuais, também entre
os meses de maio e outubro. Quando
consideradas pessoas físicas, cujos
patamares são bem mais elevados, a
mudança na taxa média de mercado
foi de 83,7% para 69,4% ao ano.
Segundo o BC, variações deverão
continuar ocorrendo, mas elas tenderão a ser mais lentas. Ou seja, as taxas do crédito devem resistir ainda
mais às quedas da Selic.
As justificativas para isso, apresentadas pelo setor financeiro, vão de
impostos a avaliações sobre riscos de
inadimplência, passando pelos níveis dos depósitos compulsórios. Esses fatores levariam as instituições financeiras, apesar da competição
existente, a se comportar como uma
espécie de oligopólio na manutenção de altas taxas e "spreads".
A solução, afirmam os representantes do setor, estaria em reduzir os
tributos e os compulsórios, além de
aprovar uma Lei de Falências que
oferecesse mais garantias aos credores. É difícil avaliar neste momento
até que ponto tais medidas efetivamente levariam os "spreads" no Brasil a níveis aceitáveis. Certo é que, até
que elas sejam tomadas, tudo indica
que o país vá continuar convivendo
com taxas muito altas, o que mantém viva uma lamentável distorção
numa economia já cheia delas.
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