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São Paulo, sábado, 29 de novembro de 2003

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CLÓVIS ROSSI

Perspectivas

SÃO PAULO - É todo um compêndio sobre o "new PT" a declaração do ministro Antonio Palocci Filho segundo a qual "só é pessimista quem quer". O ministro parte da comparação entre as perspectivas que havia no ano passado e as que vê hoje.
Revisitemos, pois, as perspectivas. No ano passado, só havia pessimismo naquela parte da "pátria financeira" que temia o calote em um eventual governo do PT.
Para a maioria do tal povo, risco-país era (e ainda é) viver no Brasil. Ponto. Não estava nem aí para a medição do JP Morgan, tanto que dois de cada três votaram no PT, sem medo de serem felizes, para usar a canção do próprio partido.
Hoje, felizes estão banqueiros e demais apostadores no cassino financeiro, enchendo a burra de ganhar dinheiro. Qual é, no entanto, a perspectiva para:
Os mais de 500 mil brasileiros que perderam o emprego no governo Lula?; a massa de assalariados que viu sua já anoréxica renda emagrecer mais 11,61%?; os funcionários públicos, que se sentem traídos pelo partido em que sempre confiaram?; os nonagenários, humilhados pelo ministro Ricardo "Crueldade" Berzoini, para usar a ironia do PFL?; a massa de intelectuais petistas ou quase que, dia sim, o outro também, ataca esse, aquele ou todos os aspectos do governo?; os ambientalistas, de cujo sentimento diz muito a deserção do mais midiático deles, o deputado Fernando Gabeira?; o MST, que já chamou Lula de "geneticamente modificado"?; os mal chamados radicais, que caíram na besteira de achar que o que o partido dizia na oposição também valeria uma vez no governo?; os que votam ainda com o governo, mas choram ao fazê-lo?
Acabou o espaço, mas não a lista. O PT escolheu a perspectiva da "pátria financeira". Será feliz com ela, como foram Menem, Fujimori, Salinas de Gortari. Depois...


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