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CLÓVIS ROSSI
Perspectivas
SÃO PAULO - É todo um compêndio
sobre o "new PT" a declaração do ministro Antonio Palocci Filho segundo
a qual "só é pessimista quem quer". O
ministro parte da comparação entre
as perspectivas que havia no ano passado e as que vê hoje.
Revisitemos, pois, as perspectivas.
No ano passado, só havia pessimismo
naquela parte da "pátria financeira"
que temia o calote em um eventual
governo do PT.
Para a maioria do tal povo, risco-país era (e ainda é) viver no Brasil.
Ponto. Não estava nem aí para a medição do JP Morgan, tanto que dois
de cada três votaram no PT, sem medo de serem felizes, para usar a canção do próprio partido.
Hoje, felizes estão banqueiros e demais apostadores no cassino financeiro, enchendo a burra de ganhar
dinheiro. Qual é, no entanto, a perspectiva para:
Os mais de 500 mil brasileiros que
perderam o emprego no governo Lula?; a massa de assalariados que viu
sua já anoréxica renda emagrecer
mais 11,61%?; os funcionários públicos, que se sentem traídos pelo partido em que sempre confiaram?; os nonagenários, humilhados pelo ministro Ricardo "Crueldade" Berzoini,
para usar a ironia do PFL?; a massa
de intelectuais petistas ou quase que,
dia sim, o outro também, ataca esse,
aquele ou todos os aspectos do governo?; os ambientalistas, de cujo sentimento diz muito a deserção do mais
midiático deles, o deputado Fernando Gabeira?; o MST, que já chamou
Lula de "geneticamente modificado"?; os mal chamados radicais, que
caíram na besteira de achar que o
que o partido dizia na oposição também valeria uma vez no governo?; os
que votam ainda com o governo, mas
choram ao fazê-lo?
Acabou o espaço, mas não a lista. O
PT escolheu a perspectiva da "pátria
financeira". Será feliz com ela, como
foram Menem, Fujimori, Salinas de
Gortari. Depois...
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