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CARLOS HEITOR CONY
O novo livro
RIO DE JANEIRO - A Amazon
vendeu, em todo o mundo, 9,5 milhões de kindles [no dia 14/12], dando a média de 110 aparelhinhos por
segundo. A rival, a Barnes & Noble,
que produz o Nook, teve problemas
de distribuição e deve ter vendido
um pouco menos. A soma das vendas dos livros eletrônicos, neste Natal, nos Estados Unidos, deve ter superado a venda dos impressos no
mesmo período.
Surpresa? Acho que não. O mundo gira, a Lusitana roda, o Frederico
trota e a informática está deixando
a idade das cavernas e se apresenta
ao mundo mais ou menos como a
Bíblia de Gutenberg, depois da invenção dos tipos móveis que aposentaram, industrialmente falando,
os manuscritos em pergaminho ou
papiro em que os monges, na Antiguidade e ao longo da Idade Média,
procuraram guardar e transmitir o
patrimônio religioso, artístico e
cultural da humanidade.
O fim do livro feito de papel e tinta é uma das perguntas mais recorrentes em todas as palestras e mesas-redondas de que participo. O
mesmo ocorre com outros escritores. Evidente que o livro impresso
ainda continuará a transmitir história, ciência e meditação às novas
gerações, mas o livro eletrônico fatalmente ocupará o vácuo deixado
pelas editoras tradicionais. Um
simples Kindle pode armazenar
uma enciclopédia, a obra completa
de Shakespeare ou Balzac.
Mesmo assim, o livro tal como
hoje o conhecemos não morrerá de
todo. Outro dia, mexendo nuns livros antigos, abri um volume de Tagore, dei com um belo poema do
poeta indiano que ganhou o Nobel.
Havia uma pétala de flor marcando
aquela página, uma flor vermelha
que o tempo descorara, mas continuava flor. Ao ler aquele poema, eu
colocara aquela pétala assinalando
uma emoção que recriei com o mesmo encanto e admiração.
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