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DISTORÇÕES CULTURAIS
Em 2005 , o Ministério da Cultura
registrou mais de R$ 600 milhões em recursos captados por projetos no escopo da Lei Federal de Incentivo à Cultura, a Lei Rouanet. O
montante é vultoso e o modo de distribuí-lo pede reflexão.
Exemplos de mau uso do dinheiro
-de livros de arte que arrecadam
mais de R$ 1 milhão e não remuneram colaboradores a filmes que obtiveram apoio mas jamais foram concluídos- surgem com freqüência
no noticiário cultural e são reveladores de fraquezas do sistema.
Tal como formulada atualmente, a
lei concede dedução integral de Imposto de Renda às empresas dispostas a apoiar um projeto, desde que tenha sido previamente aprovado pelo
ministério e que o montante não ultrapasse 4% do tributo devido.
O modelo é criticado por submeter
a aplicação de recursos públicos a
critérios privados, condicionando o
apoio ao interesse de divulgação de
uma marca. Não se pode ignorar,
contudo, que houve incremento significativo na produção cultural do
país desde o advento da lei.
Uma solução para aperfeiçoar o
modelo seria tornar mais rigorosos
os critérios de aprovação de projetos.
Parte das distorções deve-se ao fato
de que inexiste uma equipe de pareceristas preparados para barrar projetos deficientes e de alcance restrito.
Outro ajuste poderia vir da criação
de linhas de financiamento voltadas
a projetos de menor porte, de regiões
distantes dos grandes centros. Incapazes de atender aos objetivos de comunicação das empresas, muitos
projetos com esse caráter acabam alijados do sistema de captação.
Seria interessante, também, que
florescesse nessa área tão dependente do Estado mais apetite para o risco. Mesmo sendo poucos, os projetos que têm chance de se pagar deveriam ser estimulados a buscar recursos não-subsidiados no mercado. Isso contribuiria para ampliar as fontes de financiamento da cultura.
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