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JOSÉ SARNEY
Rata japonesa
sem pai
Os japoneses são inventores geniais. A eles devemos muitas das
comodidades que facilitam a nossa vida, a começar pelos radinhos de pilha
de que eles foram pioneiros, que disseminaram mundo afora e que se tornou símbolo de modernidade. Tivemos mesmo um presidente, o Médici,
que ligou sua imagem ao rádio no ouvido, durante as partidas de futebol.
Os japoneses são exímios diminuidores das coisas, a chamada miniaturização, responsável pela diminuição
no consumo de matérias-primas.
Com isso, eles fizeram incríveis coisas
pequenas, como relógios, máquinas
fotográficas, aparelhos de som, computadores e um diabo grande de "gadgets". Hoje, temos um monte de objetos que não existiam há 50 anos. E haja
nomes novos para tantas coisas novas.
Nesse terreno, uma das suas criações
são os bonsais. Aquelas arvorezinhas
pequenas, delicadas, belas e elegantes.
Seus jardins, que obras de extraordinária beleza! Eu, extasiado por um deles na cidade velha de Nara, no Japão,
parei e perguntei ao jardineiro como
fazer coisas tão belas. A minha pergunta nada tinha de indagação e tudo
de exclamação. Ele respondeu, naquele jeito oriental: "é... hai..... tem dois
2.000 anos de trato!"
Tudo isso para falar numa descoberta de alguns cientistas japoneses que
me deixou muito preocupado. É que
estes, agora, estão noutra área querendo fazer traquinagens. Noticiaram os
jornais de todo o mundo que um grupo da Universidade de Tóquio anunciou o nascimento do primeiro mamífero que é filho de duas mães e não
tem pai. Vejam que coisa complicada
para entrar em nossas cabeças: nascer
sem ter pai. Parece até aquela adivinhação, tão comum em nossa infância
para testar inteligência, em que se perguntava: "Tu és meu filho, mas não
sou teu pai. Quem sou?". E a resposta
vinha logo: "A mãe". A vigorar a descoberta japonesa, ao longo dos séculos
essa pergunta desaparecerá. Todos serão mães.
A técnica foi aplicada a ratas, mas
abre caminho para aplicá-la às mulheres. E assim, com essa descoberta, os
homens não servirão para mais nada.
Serão matéria descartável no Universo. O que me intriga é que a pesquisa
foi feita por homens sem perguntar às
mulheres se elas concordam com a
fórmula que Deus fez e que funcionou
tão bem até agora, com amor, beleza e
mais algumas coisas que fazem a felicidade.
Certamente, nós não temos muito
orgulho de alguns homens. Mas esses
cientistas japoneses, por exemplo, não
vão querer acabar-nos por Truman
ter lançado a bomba atômica sobre
Hiroshima. Nem nós podemos pagar
pela presença de Bush nessa matança
que promove em Fallujah. Nem pela
arrogância de Sharon, que parece ser
um judeu contra os judeus pela imagem que projeta sobre sua gente, que
não a merece e tem um lugar na história da humanidade.
No mais, há uma injustiça na descoberta. É que ela deseja acabar com os
homens na suposição de que os homens todos têm a cabeça desses cientistas que, não tendo mais nada a fazer, fazem pesquisas bestas, sem finalidade, sem utilidade e querendo atirar-nos -homens- fora do fogo.
Vamos à conclusão com a história
que se conta entre um alemão e um
português. O alemão disse ao português: "Na Alemanha, todos somos
machos!". E o português respondeu:
"Pois em Portugal, metade é homem,
metade é mulher e estamos nos dando
muito bem!".
A anedota é velha, mas atual.
José Sarney escreve às sextas-feiras nesta coluna.
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