São Paulo, sexta-feira, 30 de abril de 2004 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Emprego e renda: nossa luta, nosso desafio
LUIZ MARINHO
É justamente a luta por emprego na qual a redução da jornada se insere que deve marcar o 1º de maio de 2004 no Brasil. A crise do desemprego se arrasta há anos, resultado não apenas da estagnação da economia nacional, dos juros altos e da queda da renda, mas também do desenvolvimento tecnológico, que fechou milhares de postos de trabalho. Em conseqüência, os indicadores sociais despencaram, levando 33% da população a viver hoje em condições de miséria. Para nós, da Central Única dos Trabalhadores, o 1º de Maio deste ano é emblemático. Ajudamos a eleger o governo federal e, mais do que nunca, na condição de cidadãos que conquistamos, temos a obrigação de continuar nas ruas disputando o cenário político com as forças conservadoras que sempre dominaram nosso país. Nós também acreditamos que Lula recolocou o Brasil no rumo do crescimento e da justiça social. Mas também achamos que é preciso provocar uma forte aceleração na retomada das políticas de emprego e renda, compromissos que não vêm sendo cumpridos pelo governo. Por isso, em todas as manifestações que a CUT realizará de norte a sul do país, vamos reafirmar a nossa posição de que são necessárias medidas urgentes para gerar emprego e renda para os trabalhadores. Entre elas, a redução da jornada como um dos principais mecanismos voltados à geração de postos de trabalho. Junto da jornada menor, deve também haver o controle das horas extras, expediente amplamente utilizado pelas empresas e que tem impedido a abertura de novas vagas. Entendemos que é preciso agir rápido para reverter o desemprego e, por isso, a CUT está reivindicando a adoção de frentes emergenciais de trabalho e de políticas de incremento da produção, acompanhadas da urgente queda na taxa de juros e da revisão dos compromissos fiscais assumidos com o FMI. E quando o assunto é renda, colocamos como prioridade o estabelecimento de uma política de recomposição do salário mínimo, para que ele possa resgatar o propósito para o qual foi criado, o de conseguir suprir as necessidades do trabalhador e de sua família. Assim, encaminhamos recentemente ao governo duas propostas: a das frentes emergenciais de trabalho, capaz de minimizar os efeitos do desemprego independentemente de medidas de incremento da economia, e a de fixação do salário mínimo em R$ 300, junto com uma política que dobre o seu valor até 2007 e estabeleça os critérios para que, em até 20 anos, ele atinja os patamares estabelecidos na Constituição Federal (que, segundo o Dieese, deveria ser de R$ 1.442,46). Esses dois pontos, emprego e renda, são o nosso desafio e a nossa luta neste Dia Mundial do Trabalho e ao longo de 2004. Por isso, queremos transformar as manifestações dessa data num momento muito especial, pois estamos diante de uma oportunidade histórica para efetivamente tirar o Brasil de cinco séculos de opressão e miséria. Para isso, convidamos os trabalhadores e a população a participarem dos atos da CUT. Além de reafirmar nossas bandeiras de luta, vamos mostrar que uma nova etapa da história desta nação está sendo construída. É dessa forma que, efetivamente, a esperança vai continuar vencendo o medo e transformaremos em realidade o sonho de justiça e dignidade para todos os brasileiros. Luiz Marinho, 44, é o presidente nacional da CUT (Central Única dos Trabalhadores). Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Iván Izquierdo: Baixas em combate Índice |
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