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CLÓVIS ROSSI
Palocci, cuidado com os gênios
MONTRÉAL- O jornal "The New York
Times" relatou, no domingo, um pequeno erro de apenas US$ 12 trilhões
cometido pelo economista Michael J.
Boskin.
Não se trata de um economista
qualquer. Foi chefe do Conselho de
Assessores Econômicos da Casa
Branca (gestão Bush pai), faz parte
da assessoria do Comitê de Orçamento do Congresso, é de uma das grifes
acadêmicas dos EUA (Stanford) e, segundo o relato do "Times", "não hesita em ensinar o Congresso, as agências federais e mesmo o banco central
a fazer seu trabalho" (qualquer semelhança com consultores brasileiros
não é mera coincidência).
Muito bem. Com todo esse prestígio, Boskin preparou um trabalho
acadêmico no qual dizia que ninguém estava contabilizando US$ 12
trilhões em impostos que o governo
arrecadaria quando uma nova geração começasse a sacar seus investimentos em determinados fundos.
É pouco mais ou menos o tamanho
da economia norte-americana. Logo
havia um EUA a arrecadar, sem que
ninguém soubesse, exceto o genial
Boskin.
Quando o trabalhou começou a circular, alguns acadêmicos apontaram-lhe uma porção de erros e incongruências. Boskin acabou por admitir que sua equação continha "erros".
"Erros" acaba de admitir também
o Fundo Monetário Internacional
em relação ao Brasil. "Falhou ao
apontar as vulnerabilidades do Plano Real -principalmente em relação ao aumento da dívida interna
brasileira-, demonstrou um otimismo infundado com o sistema de câmbio fixo (...) e errou ao não recomendar, já em meados de 1988, a flutuação do câmbio", conforme o relato de
Fernando Canzian nesta Folha.
O erro de Boskin custou apenas
uma mancha na sua reputação acadêmica. Alguém aí já fez as contas
sobre o custo dos erros do FMI para o
Brasil?
Tudo somado, ministro Palocci,
abra o olho: lustrosas fichas acadêmicas e técnicas, como a de Boskin
ou a do pessoal do FMI, não garantem bons conselhos.
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