São Paulo, quarta-feira, 30 de agosto de 2006

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FERNANDO RODRIGUES

O legado do PSDB

BRASÍLIA - Cada vez mais no buraco, como mostram todas as pesquisas, a campanha de Geraldo Alckmin a presidente induz a uma reflexão sobre o comportamento do PSDB, hoje o principal partido de oposição no Brasil.
Um dos candidatos a governador mais emblemáticos do PSDB, Lúcio Alcântara, tem sistematicamente ignorado o presidenciável de sua sigla. A traição chegou ao paroxismo anteontem, com Lúcio se refestelando no Planalto com Lula, do PT.
E o que faz o presidente nacional do PSDB, Tasso Jereissati? Nada. Ou melhor, trabalha pela não-reeleição de Lúcio no Ceará.
Apenas como exercício de memória, em 1998, o candidato do PT a presidente, Lula, não tinha a menor chance no final da campanha. FHC levou a reeleição no primeiro turno.
Mas não há notícia de que algum candidato a governador pelo PT naquele ano tenha ido ao Planalto para produzir imagens para a propaganda eleitoral.
Em São Paulo e em Minas Gerais, Geraldo Alckmin recebe apoio protocolar. O PSDB não é um partido. Já foi uma tese acadêmica e hoje se resume a alguns interesses eleitorais pessoais -os mais conhecidos sendo o do paulista José Serra e o do mineiro Aécio Neves.
Em certa medida, esse estado de desagregação do PSDB é um espelho do restante dos outros partidos políticos brasileiros. Em 2010, assistiremos a uma luta sangrenta no PT pelo espólio de Lula. Nas outras siglas, o cenário é de desolação. Dos 29 partidos existentes, exceto o PT, ninguém conseguiu construir uma candidatura viável ao Planalto.
Tudo para dizer que o PSDB está prestes a ser derrotado na eleição presidencial, mas, pelo menos, contribui ficando como um "caso para estudo" sobre como não deve ser constituído um partido político.


frodriguesbsb@uol.com.br

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