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POBRE CONTRIBUINTE
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou nesta semana um estudo que
mostra que os mais pobres pagam
proporcionalmente mais tributos do
que os mais ricos.
O trabalho conclui, com dados de
96, que as famílias que vivem com até
dois salários mínimos pagam em
média 28% da renda em impostos,
enquanto as que ganham mais de 30
salários mínimos pagam 18%.
Esse resultado mostra uma realidade ainda mais grave em relação a um
estudo recente da Receita Federal,
que apontou uma tributação de
32,27% da renda entre os mais pobres e de 37,17% entre os mais ricos.
Na verdade, o trabalho do Ipea procurou aperfeiçoar a metodologia empregada no estudo da Receita, usando dados mais precisos e incluindo
descontos tributários e impostos sobre propriedade.
O resultado se deve principalmente
ao grande peso que os impostos indiretos -os que incidem sobre consumo e as contribuições sociais-
têm na carga tributária brasileira
(54,84% em 96). Tais tributos são regressivos -o valor pago é o mesmo
para diferentes níveis de renda.
O resultado da pesquisa é um alerta
quanto à necessidade de ampliar o
debate sobre a reforma tributária, excessivamente centrado na guerra fiscal e na competitividade do país.
Até para que seja maior o apoio à
mudança da estrutura tributária, é
essencial que o debate também inclua o papel social dos tributos, corrigindo desigualdades da concentração da renda. Como está, os impostos têm piorado tais desigualdades.
As recomendações são conhecidas:
cobrar mais Imposto de Renda de
quem ganha mais e aperfeiçoar os
mecanismos de fiscalização. É necessário ainda reduzir a tributação
sobre bens de consumo essenciais e
aumentar a que incide sobre patrimônio e transmissão de bens.
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