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MONTES DE IRA
Os séculos vão se sucedendo e
a Europa não consegue dar
uma solução duradoura para os problemas interétnicos nos Bálcãs. A
crise na Iugoslávia, que já gerou quatro conflitos nos anos 90, inclusive
um com a intervenção da Otan, voltou a crescer em consequência das
eleições na Iugoslávia.
O atual presidente, Slobodan Milosevic, acusado de ter incentivado as
guerras recentes, perdeu as eleições
do domingo passado para o oposicionista Vojislav Kostunica, mas insiste na realização de um segundo
turno. O problema é que Kostunica
afirma ter vencido com mais de 50%
dos votos, o que dispensaria o segundo turno. A República de Montenegro, que com a Sérvia compõe a
Iugoslávia atual, boicotou o pleito.
Há fortes indícios de que realmente
houve fraude, pois todas as pesquisas de intenção de voto realizadas
por institutos independentes davam
mais da metade dos votos para o
oposicionista. Kostunica se nega a
disputar um novo turno e, a cada dia
que passa, recebe mais apoios, inclusive da Igreja Ortodoxa e de setores
militares. Agora, fala-se numa campanha de desobediência civil até que
Milosevic entregue o poder. Sob
muitos aspectos, a situação guarda
semelhança com as revoluções pacíficas que varreram o comunismo do
Leste Europeu no final dos anos 80.
Como naquela ocasião, resta saber
se Milosevic abandonará o poder pacificamente. Por inúmeras razões,
poucos analistas apostam numa radicalização, mas nenhum exclui essa
possibilidade. E, como com tudo o
que ocorre nos Bálcãs, a internacionalização de um eventual conflito
não pode ser descartada.
E, como no começo do século, a
Europa e até os EUA não parecem ter
uma estratégia sólida para solucionar as disputas nos Bálcãs.
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