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CLÓVIS ROSSI
FHC, imite o FMI
BERLIM - Nos muitos quilômetros já rodados na cobertura de eventos internacionais de que o Brasil participa, não me lembro de nenhum outro
momento em que o país tenha deixado de ser notícia como aconteceu em
Praga, no Encontro Anual do FMI
(Fundo Monetário Internacional) e
do Banco Mundial.
Não ser notícia é uma extraordinária notícia.
Durante duas décadas, até 1985, o
Brasil sempre esteve em evidência
(negativa), mesmo nas épocas de bonança econômica, pelo seu, digamos,
déficit democrático. Por mais que
apóiem ditaduras e façam negócios
com elas, os países ricos são obrigados a observar o ritual de manter
uma distância prudente.
E a mídia norte-americana e especialmente européia costuma cair matando em cima de tais regimes.
Depois da redemocratização, veio o
turbilhão econômico e institucional.
Superinflação, moratória, impeachment, um plano econômico atrás do
outro, um fracasso após o outro.
O Plano Real quase encerrou o ciclo, não estivesse ancorado em um
câmbio irreal (sem trocadilho), que
provocou a vulnerabilidade que, por
sua vez, colocava o Brasil sempre como potencial bola da vez, a ser olhado com preocupação cada vez que se
fazia uma reunião como a de Praga.
Agora, não. Claro que persiste o secular problema da miséria e da obscena distribuição de renda, para não
mencionar as sequelas de uma e de
outra. Mas são situações tão arraigadas que, para o resto do mundo, parecem fazer parte da ordem natural
das coisas brasileiras. Já não espantam nem chocam, a não ser quando
há uma Candelária, um Eldorado
dos Carajás ou similares.
Como miséria e desigualdade social
entraram na agenda, pelo menos retórica, tanto do FMI como do Banco
Mundial, e como o governo brasileiro
adora adorá-los, que tal sintonizar a
nova onda?
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