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FERNANDO RODRIGUES
O drama de Maluf
BRASÍLIA - Dos quatro candidatos na disputa pelo segundo lugar na
eleição paulistana, Paulo Maluf
(PPB) é o protagonista da situação
mais dramática.
Luiza Erundina foi longe com seu
atual partido -o PSB inexiste em
São Paulo. Romeu Tuma deu ao PFL
talvez o melhor desempenho numa
eleição na capital paulista. Geraldo
Alckmin, coitado, carrega Mário Covas, FHC e o PSDB nas costas.
Maluf, não.
Não passar para o segundo turno
será humilhante para ele. Entrou como réu na campanha. Excluído agora, terá sido condenado pelo eleitor.
Nas hostes malufistas há outra
análise. Maluf de fato entrou como
réu na disputa. Mas já ocorreu a
transmutação. Sua imagem está higienizada.
Não é bem assim. Ficar fora do segundo turno será trágico para Maluf.
Há mais de uma década ele tem sido
finalista nas disputas paulistas. Perde muito. Quase todas. Mas sempre
passa raspando.
O revés malufista terá efeito sobre o
PPB. A sigla anda minguada. Tem
menos de 50 deputados na Câmara.
É menor do que o PT. Governa apenas uma capital, Florianópolis.
Maluf é o presidente nacional do
PPB, que tem dois outros líderes: Esperidião Amin (em Santa Catarina)
e Francisco Dornelles (no Rio).
Não é segredo para ninguém que
Amin e Dornelles apenas toleram
Maluf. A tolerância tem ligação direta com o tamanho do eleitorado malufista em São Paulo.
Um Maluf sem eleitor será um político cada vez mais descartável para o
PPB. A sigla se enfraquece. Fica à
mercê de predadores, como o PFL.
PPB e PFL são frutos da mesma árvore, a Arena. Há quem aposte que a
exclusão de Maluf no segundo turno
paulistano seja um atalho para uma
fusão. Pode ser.
A única forma de evitar a "débâcle"
pepebista é Maluf ir para o segundo
turno. Amanhã à noite saberemos.
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