|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CARLOS HEITOR CONY
Quem?
RIO DE JANEIRO - São duros os tempos eleitorais para os que não
gostam de política. Para quem detesta futebol, devem ser intragáveis os
45 dias de uma Copa do Mundo. Para o Carnaval, há caminhos de fuga,
desde os retiros espirituais até a pescaria no Pantanal ou o safári na África.
No Natal, tem gente que fica deprimida, volta e meia alguém se suicida
de tanto ouvir o "Jingle Bells". No
Ano Novo, também são muitos os
que não o suportam.
Apesar disso, são instituições e
eventos inevitáveis. A política é uma
instituição e as eleições são um evento. Dispõem de patrocinadores, de
seus profissionais, seus torcedores,
seus beneficiários e, eventualmente,
seus detratores.
Não admiro a Suíça, embora nada
tenha contra ela. Mas há uma historinha que me edifica e me faz invejar
os suíços. Uma autoridade brasileira
foi recebida oficialmente em Genebra
para um congresso. Colocaram à sua
disposição um diplomata de carreira
que convidou o visitante a dar um
passeio pelo lago num domingo em
que a agenda era livre.
Andando pelas ruas, a nossa autoridade estranhou que elas estivessem
vazias. Lera nos jornais que era dia
de eleição e não via cartazes nem filas de votantes. Perguntou se era
mesmo dia de eleição. O diplomata
explicou que em determinadas esquinas havia urnas para receber os votos
dos cidadãos. À noite, as urnas seriam recolhidas, os votos contados e
os resultados proclamados.
O visitante ficou pasmo. "E se um
cidadão decide botar dois votos na
urna, em vez de um?" O diplomata
suíço ficou mais pasmo do que o visitante: "Quem faria isso?".
O visitante reconheceu a gafe. Concordou, sim, sim, ninguém faria isso.
E, para se desculpar, disse que no
Brasil também era assim.
Texto Anterior: Brasília - Fernando Rodrigues: Escândalo na capital Próximo Texto: Boris Fausto: Marketing político Índice
|