São Paulo, segunda-feira, 30 de setembro de 2002

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CARLOS HEITOR CONY

Quem?

RIO DE JANEIRO - São duros os tempos eleitorais para os que não gostam de política. Para quem detesta futebol, devem ser intragáveis os 45 dias de uma Copa do Mundo. Para o Carnaval, há caminhos de fuga, desde os retiros espirituais até a pescaria no Pantanal ou o safári na África.
No Natal, tem gente que fica deprimida, volta e meia alguém se suicida de tanto ouvir o "Jingle Bells". No Ano Novo, também são muitos os que não o suportam.
Apesar disso, são instituições e eventos inevitáveis. A política é uma instituição e as eleições são um evento. Dispõem de patrocinadores, de seus profissionais, seus torcedores, seus beneficiários e, eventualmente, seus detratores.
Não admiro a Suíça, embora nada tenha contra ela. Mas há uma historinha que me edifica e me faz invejar os suíços. Uma autoridade brasileira foi recebida oficialmente em Genebra para um congresso. Colocaram à sua disposição um diplomata de carreira que convidou o visitante a dar um passeio pelo lago num domingo em que a agenda era livre.
Andando pelas ruas, a nossa autoridade estranhou que elas estivessem vazias. Lera nos jornais que era dia de eleição e não via cartazes nem filas de votantes. Perguntou se era mesmo dia de eleição. O diplomata explicou que em determinadas esquinas havia urnas para receber os votos dos cidadãos. À noite, as urnas seriam recolhidas, os votos contados e os resultados proclamados.
O visitante ficou pasmo. "E se um cidadão decide botar dois votos na urna, em vez de um?" O diplomata suíço ficou mais pasmo do que o visitante: "Quem faria isso?".
O visitante reconheceu a gafe. Concordou, sim, sim, ninguém faria isso. E, para se desculpar, disse que no Brasil também era assim.



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