São Paulo, sábado, 30 de outubro de 2004

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CLÓVIS ROSSI

"Apocalypse Now", a seqüela

FILADÉLFIA - O presidente George Walker Bush e seu adversário, o democrata John Kerry, chegam à antevéspera da eleição de terça-feira rigorosamente empatados: 47% para cada um. Palavra de John Zogby, presidente da Zogby International, um dos principais institutos de pesquisa do país, referência obrigatória na mídia norte-americana.
O empate não se dá apenas no cômputo nacional. A Zogby está monitorando dez Estados designados "battleground" (campos de batalha), porque o resultado neles vem sendo -e continua- absolutamente indefinido. Pois bem: Bush lidera em quatro deles, Kerry também em quatro e, nos dois restantes, dá empate.
É raro ver uma eleição tão renhida, embora a anterior, em 2000, também tivesse sido disputada literalmente voto a voto.
É sintomático, aliás, que Zogby diga agora ser "notável como esta eleição se parece com a de 2000".
Sinal de que a encrenca pode se repetir, com acréscimos.
Apesar de todos os sinais de indefinição, o pesquisador ousou manter a afirmação que fez ainda no início da campanha: Kerry ganha. Ganha, explica, porque, na sua opinião, se trata de um referendo sobre Bush. Ora, Bush é suficientemente conhecido. Se tivesse que ganhar o plebiscito, já estaria com mais de 50% das intenções de voto. Não está.
Kerry ganha, explica também Zogby, porque, nos cinco temas que mais estão na cabeça dos eleitores, o presidente só lidera em um (combate ao terrorismo). "Nos quatro outros o senador Kerry leva vantagem de dois dígitos sobre o presidente", diz o pesquisador.
Os argumentos parecem sólidos, mas eu não aposto uma nota de US$ 3 (que nem existe) na vitória de Kerry (ou na de Bush).
O mais assustador é que Zogby chama o pleito de "eleição Armagedon". Traduzo: cada lado acha que a vitória do inimigo trará o apocalipse e, por isso, "não tem a menor disposição para aceitar a vitória do outro".


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