São Paulo, sábado, 30 de dezembro de 2006

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Chaga mafiosa

ENTRE as expectativas acerca da gestão de José Serra, que na segunda-feira toma posse como governador de São Paulo, a mais candente diz respeito à segurança pública. A sensação de insegurança da população cresceu após os ataques do crime organizado ocorridos neste ano.
Entre os principais desafios estão bloquear de vez a comunicação entre lideranças presas e delinqüente nas ruas; sufocar a finança da organização criminosa; desbaratar as principais subquadrilhas cuja atuação no tráfico de drogas e nos crimes patrimoniais ajuda a sustentar a máfia; depurar as forças da segurança pública dos integrantes cooptados pelos bandidos.
O governador eleito nomeou Ronaldo Marzagão, ex-procurador de Justiça, para a Segurança Pública e manteve Antonio Ferreira Pinto na Administração Penitenciária. Deu um sinal de mudança -trocou o linha-dura Saulo Abreu por alguém mais próximo da ala moderada do Ministério Público- e o temperou com uma dose de continuísmo. Seria de fato um erro fazer tábula rasa do que foi feito na segurança pública paulista nos últimos anos.
A média mensal de homicídios no Estado, ainda absurda em termos absolutos, caiu 46,5% de 2001 a 2006; roubos e furtos de veículos diminuíram 18%. Quanto ao crime organizado, as erupções de violência da máfia dos presídios são também sintomas de que a política de repressão fustigou os bandidos -eles decerto teriam preferido uma política mais complacente.
É evidente que o combate ao crime não pode dar-se à custa dos direitos humanos e da prestação de contas dos atos da polícia, falhas ostensivas em alguns episódios ao longo desses anos. Mas a opção por não ceder espaço à chaga mafiosa -e por sufocá-la até a sua extinção- não é uma "escolha política". Trata-se de uma imposição da realidade e, portanto, precisa continuar.


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