São Paulo, domingo, 30 de dezembro de 2007

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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES

O Brasil e o Banco Mundial

O BRASIL termina o ano de 2007 em boa situação, ao mesmo tempo em que o mundo vive momentos de apreensão.
O desempenho brasileiro foi positivo em vários aspectos. A economia cresceu 5%. O país gerou quase dois milhões de empregos. A renda dos mais pobres melhorou. A inflação ficou na casa dos 4%. As exportações atingiram cerca de US$ 160 bilhões. As reservas internacionais subiram para US$ 180 bilhões. E o Brasil foi classificado pelo Banco Mundial entre as seis maiores economias do mundo.
O sucesso alcançado refletiu os esforços persistentes do governo brasileiro desde 1994 e também a pujança da economia mundial. Os produtos exportados, de um modo geral, gozaram de boa cotação no mercado internacional. E a sua demanda foi crescente.
A apreensão reinante decorre da doença que acometeu o centro nervoso da economia mundial. Afinal, os Estados Unidos respondem por quase 30% do PIB e mais de 40% das compras do mundo.
Nos últimos tempos, a economia americana apresentou um excelente desempenho, crescendo ao redor de 4% ao ano. Em 2007, porém, a crise do setor imobiliário gerou perdas de grande monta. Basta atentar para o fato de os bancos centrais da Europa, da America e do Japão terem injetado centenas de bilhões de dólares no sistema de crédito. É assim mesmo. Num mundo globalizado, as doenças se espalham rapidamente.
Oxalá as medidas tomadas consigam conter uma recessão nos Estados Unidos. Sim, porque se o país não crescer ou crescer 1% ou 2%, isso provocará um esfriamento em todo o mundo no ano de 2008.
É lamentável verificar que a economia real -dos que produzem e dos que consomem- tenha sido golpeada pela audácia dos que especulam. A concessão de crédito sem lastro, baseada em expedientes artificiais, levou milhares de cidadãos americanos a comprar mais do que podiam pagar. Na hora de liquidar a conta, eles perderam seus imóveis e, de certa forma, transferiram o problema para o sistema de crédito.
Jogadas desse tipo precisam ser mais bem vigiadas pelas autoridades monetárias. Espero que novas regras sejam implantadas para impedir aventuras desse tipo que, no fundo, prejudicam quem trabalha seriamente na construção de seus países.
Tenho fé em dias melhores. Se o mundo financeiro fizer a sua lição de casa, 2008 será um ano ainda mais favorável do que 2007. Feliz Ano Novo a todos os meus leitores.
antonio.ermirio@antonioermirio.com.br


ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos domingos nesta coluna.


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