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TENDÊNCIAS/DEBATES
A hora para o Iraque se desarmar
PATRICK DUDDY
Desde o fim da Guerra do Golfo,
em 1991, os Estados Unidos, a
ONU e a comunidade internacional têm
trabalhado em conjunto para fazer com
que o Iraque revele e desmonte todos os
seus programas de armas nucleares,
químicas e bacteriológicas. No dia 8 de
novembro de 2002, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou por
unanimidade a resolução 1441, que prevê a verificação do desarmamento iraquiano por inspetores da organização.
O CS também deixou claro que a resolução é a última oportunidade para o Iraque se desarmar.
Como disse recentemente a assessora
de Segurança Nacional dos EUA, Condoleezza Rice, muitas questões sobre os
programas e arsenais iraquianos de armas nucleares, químicas e bacteriológicas continuam sem esclarecimentos e
cabe ao Iraque a obrigação de fornecer
essas respostas. Em claro desafio à resolução 1441, o Iraque não está permitindo aos inspetores "acesso imediato, desimpedido e irrestrito" a instalações e
pessoas envolvidas em seu programa de
armas. Tanto pelo que tem feito como
pelo que tem deixado de fazer, o Iraque
está demonstrando não ser um país inclinado ao desarmamento, mas que tem
algo a esconder.
Não existe mistério quanto ao desarmamento voluntário. Nações que decidem se desarmar abrem seus locais de
produção de armas a inspetores, respondem às suas perguntas antes mesmo que elas sejam feitas, declaram publicamente a intenção de se desarmar e
pedem a cooperação de seus cidadãos
nesse sentido. O mundo sabe, por meio
dos exemplos de África do Sul, Ucrânia
e Cazaquistão, como funciona um programa de desarmamento no qual um
governo decide que vai desistir de modo
cooperativo de suas armas de destruição em massa. Os elementos cruciais
comuns desses esforços incluem compromisso político de alto nível para se
desarmar, iniciativas nacionais para
desmontar programas de armas e cooperação total.
O comportamento do Iraque não poderia oferecer contraste mais rigoroso.
Foi particularmente perturbadora a
descoberta que os inspetores fizeram na
semana passada de 12 ogivas químicas
não incluídas na declaração do Iraque
às Nações Unidas. No passado, o Iraque
encheu esse tipo de ogiva com sarin, gás
mortal que afeta o sistema nervoso e
que, utilizado por terroristas japoneses
em 1995, matou 12 pessoas e fez adoecer
milhares.
A obediência à resolução 1441 é o melhor caminho para evitar um conflito militar, que é a última opção do presidente Bush
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O Iraque também deixou de fornecer
aos inspetores da ONU a documentação
pela qual garante ter destruído seus estoques de VX, um agente químico ainda
mais mortal, que o país produziu no
passado. Aparentemente, os inspetores
já descobriram que o Iraque não informou o paradeiro de cerca de 30 mil cartuchos com agentes químicos. Apresentar quatro cartuchos dificilmente pode
ser aceito como prova de boa vontade
de cooperar com a comunidade internacional, representada no caso pelos
inspetores das Nações Unidas.
O presidente Bush tem dito que sua
intenção é trabalhar com o mundo em
nome da paz para desarmar o Iraque,
porque as armas iraquianas de destruição em massa constituem ameaça direta aos cidadãos dos EUA e aos seus aliados. De fato, essa é a vontade expressa
da comunidade mundial, conforme deixou claro a votação unânime da resolução 1441. O presidente Bush está trabalhando com as Nações Unidas e com
muitos países para que a vontade do
mundo prevaleça.
Ao desarmar o Iraque, a comunidade
internacional tem uma oportunidade
de se voltar à paz e de tornar o mundo
um lugar mais seguro para se viver. O
Iraque precisa pôr fim, de uma vez por
todas, ao seu programa de armas de
destruição em massa. A obediência à resolução 1441 é o melhor caminho para
evitar um conflito militar. O presidente
Bush já disse que a ação militar é a última opção. Os EUA querem que as inspeções sejam bem sucedidas e que cheguem a um resultado pacífico. O momento para o Iraque se desarmar é agora.
Patrick Duddy, diplomata, é cônsul-geral dos
Estados Unidos em São Paulo.
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