![]() São Paulo, quinta-feira, 31 de março de 2011 |
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KENNETH MAXWELL Guerra por escolha Muammar Gaddafi está no poder na Líbia há 42 anos, desde que derrubou o rei Idris, em 1969. O "líder fraterno" foi sempre considerado um homem excêntrico. Malévolo, brutal e astuto, Gaddafi, em boa parte de seu domínio, foi encarado como pária pela comunidade internacional, como patrocinador do terrorismo e responsável pelo atentado contra o voo 103 da Pan Am, que explodiu sobre a Escócia em 1988, causando a morte de 243 passageiros e 16 tripulantes e de 11 pessoas em terra. Gaddafi é autor do "Livro Verde" de seus pensamentos, publicado em 1975 e inspirado pelo "Livro Vermelho" de Mao Tse-tung. Ele apoiou Idi Amin, e mais recentemente Chávez. Gaddafi define seus inimigos na Líbia como "baratas", o mesmo termo que os hutus usavam para descrever os tutsis ao massacrarem 800 mil deles em Ruanda, e que os nazistas usavam quanto aos judeus, 6 milhões dos quais eles exterminaram. Gaddafi não é boa pessoa. Isso é evidente. Nesta semana, uma conferência internacional foi realizada em Londres para decidir o que fazer quanto a Gaddafi. Entre os 35 países representados, não havia quaisquer enviados do governo líbio, embora membros da rebelião contra o coronel no leste do país estivessem na cidade. Obama, de volta aos EUA após visitar a América do Sul, fez um discurso na National Defense University, em Washington, sobre o conflito líbio e disse que Gaddafi não poderia continuar no poder. O problema com a coalizão liderada pelo Ocidente que se opõe a Gaddafi, na qual o Reino Unido e a França foram os mais ardorosos proponentes de uma intervenção militar, é que nem britânicos nem franceses têm históricos muito honrados em seu relacionamento com o regime líbio. Tony Blair visitou Gaddafi em 2004, e há uma foto notória que o mostra trocando um abraço com ele. Nicolas Sarkozy foi à Líbia em 2007. Condoleezza Rice fez o mesmo em 2008, e se tornou a primeira secretária de Estado dos EUA a visitar a Líbia desde 1953. A intervenção de Obama é atribuída às "amazonas guerreiras" de seu governo, lideradas por Hillary Clinton e formadas por Samantha Power, no Conselho de Segurança Nacional, e Susan Rice, embaixadora americana na ONU. Diz-se que as três estão tentando corrigir erros do passado, quando os EUA deixaram de agir para impedir massacres durante a gestão Clinton. Mas quando candidato, Obama atacou George W. Bush afirmando que, "sob a Constituição, o presidente não tem o poder de autorizar unilateralmente um ataque militar em uma situação que não envolva ameaça concreta ou imediata à nação". Até mesmo, poderia ter acrescentado, um ataque militar que tenha por alvo Gaddafi. KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna. Tradução de PAULO MIGLIACCI Texto Anterior: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Um homem Próximo Texto: TENDÊNCIAS/DEBATES Raul Cutait: Tributo a um paciente Índice | Comunicar Erros |
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