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A homeopatia como especialidade médica
ARIOVALDO RIBEIRO FILHO
O que não há são estudos financiados pela indústria farmacêutica, que, por óbvio, não tem interesse
na área homeopática
RECOMENDADA pela OMS (Organização Mundial da Saúde), a
homeopatia foi reconhecida em
1980 como especialidade médica no
Brasil pelo CFM (Conselho Federal
de Medicina), pelo decreto nº 1.000/
80, sendo uma prática médico-terapêutica de ampla aplicabilidade, com
princípios bem determinados e grande aceitação por parte dos pacientes.
A partir do seu reconhecimento oficial, apenas profissionais com condições de avaliar clinicamente um paciente podem determinar a terapêutica a ser prescrita. Esse fato inibiu pessoas leigas de exercer a homeopatia.
Em uma pesquisa sobre o perfil dos
médicos do Brasil divulgada em 1997
pelo jornal do Conselho Federal de
Medicina, a homeopatia se destacou,
ocupando o 16º lugar em número de
profissionais atuantes -isso entre
mais de 50 especialidades médicas
analisadas. Atualmente, estima-se
que cerca de 15 mil profissionais tenham passado por cursos de especialização nessa área.
Em uma tese de doutorado defendida na Faculdade de Medicina da
USP, em 2005, o autor demonstrou
que 52% dos médicos endossam ou
prescrevem algum tipo de terapêutica
médica complementar -e entre as
mais citadas estão a homeopatia e a
acupuntura. Além disso, do total de
participantes da pesquisa, 81% dizem
que essas terapias são úteis para o tratamento dos pacientes, e 91% concordam que é importante o médico ter
conhecimento delas.
Por tudo isso, se percebe que existe,
sem dúvida nenhuma, grande aceitação da homeopatia não só pelos pacientes mas também pelos estudantes de medicina e médicos em geral.
Hoje em dia, já existe ampla difusão
dessa terapêutica no meio acadêmico,
e isso pode ser exemplificado pela
presença da homeopatia entre as disciplinas eletivas dos cursos de medicina da USP e da Unifesp (Universidade
Federal de São Paulo), da residência
médica na UniRio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro) e
de muitas outras instituições.
O tratamento homeopático já é oferecido em vários hospitais públicos,
como o Hospital das Clínicas, o Hospital São Paulo, o Hospital do Servidor Público Municipal e outros.
É muito importante a condição de
especialidade conferida à homeopatia, pois regula e define a responsabilidade do ato médico, para que ela
possa ser exercida com qualidade. O
serviço público talvez seja o setor
mais carente de atendimento por falta da aplicação de políticas específicas
para o setor.
Em todos esses pólos, encontramos
uma prática com foco no modelo de
atenção humanizada e centrada no
indivíduo.
Existem inúmeros trabalhos e estudos científicos que comprovam a efetividade das doses mínimas homeopáticas. Um exemplo: em recente pesquisa realizada pelo Departamento
de Otorrinolaringologia da Unifesp,
demonstrou-se, com todo o rigor metodológico, que, após o tratamento
homeopático, quatro em cada cinco
crianças da fila de espera para cirurgia de extração de amígdalas não necessitaram mais do procedimento cirúrgico, resultado esse muito superior ao grupo placebo. Outro exemplo: a OMS está prestes a publicar um
levantamento feito com mais de 150
trabalhos e estudos randomizados
nessa área que demonstram a eficácia
da homeopatia. E, como esses, há
muitos outros. O que não há, na realidade, são trabalhos e estudos financiados pela indústria farmacêutica,
que, por razões óbvias, não tem interesse na área homeopática.
A homeopatia, além de revolucionária em seus conceitos de ação e efetividade, é uma terapêutica de baixíssimo custo e que, se aplicada por profissionais habilitados, traz muitos benefícios, curando pacientes e suas enfermidades. É verdade que a homeopatia não é uma prática que cura todas as doenças, assim como não o é
qualquer especialidade médica. Ela é,
sim, um recurso terapêutico muito
útil, que pode ser somado aos demais
conhecimentos que se obtêm na faculdade de medicina.
Por isso, sempre lembramos que o
homeopata é, antes de tudo, um médico e que, nessa condição, deve pautar sua conduta dentro de parâmetros
éticos e de responsabilidade profissional. O fato de a homeopatia ser
uma especialidade do campo da medicina faz com que o profissional tenha condições de determinar adequadamente qual recurso terapêutico
disponível deve ser utilizado e também possa eleger o melhor a ser feito
para o seu paciente.
ARIOVALDO RIBEIRO FILHO, 47, médico homeopata especialista pelo Conselho Federal de Medicina, é presidente da Associação Paulista de Homeopatia e membro da
Comissão Científica da Associação Médica Homeopática
Brasileira. É autor de "Repertório de Homeopatia", entre
outras obras.
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