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ELIANE CANTANHÊDE
Bicada dos falcões
BRASÍLIA - O deslumbramento
com Barack Obama começa a murchar, provavelmente dentro e com
certeza fora dos Estados Unidos.
Enquanto o discurso de Obama e
a ação de Hillary Clinton, chefe do
Departamento de Estado, é de paz,
não-ingerência e redução da militarização, não é isso que o mundo começa a ver. Ou esse discurso só valia
para o Iraque e o Afeganistão?
A Espanha engrossou ontem o
coro da Venezuela, do Brasil e do
Equador contra a ampliação da presença militar norte-americana na
Colômbia, aqui nas nossas barbas.
O pretexto é o combate ao narcotráfico, mas as Farc já não justificam
mais nada.
A Colômbia é o segundo alvo dos
bilhões de dólares da ajuda militar
de Washington, só atrás do conflagrado Oriente Médio. E, agora, chega a notícia, meio enviesada, de que
as forças norte-americanas vão poder usar três bases militares colombianas, de Malambo, Palanquero e
Apiay, dentro do "Plan Colômbia",
de combate às Farc.
Esse avanço na região ocorre justamente quando o Equador de Rafael Correa veta a renovação da única base formalmente militar dos
EUA na América do Sul. O que, evidentemente, deixa todos, de diplomatas a oficiais brasileiros, com
uma pulga atrás da orelha: os EUA
saem do Equador e pulam de vez
para a Colômbia? Combate ao narcotráfico ou plataforma militar?
Com a Colômbia vendendo seu
território ao belicismo dos EUA e a
Venezuela comprando armas da
Rússia e ostensivamente se aliando
ao Irã de Ahmadinejad, o risco é óbvio: a lógica da militarização e a corrida armamentista estão se instalando na América do Sul.
O Brasil acionou o sinal amarelo,
e a preocupação sul-americana se
alastra pela Europa, via Espanha.
Foi o que o chanceler espanhol, Miguel Ángel Moratinos, deixou claro
ontem em Brasília.
O que todos se perguntam é
quem está mandando, Obama ou os
velhos falcões de sempre?
elianec@uol.com.br
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